O Fictício
Onofre era burro como um jumento. Acreditava em políticos, até mesmo nos do PT, em Adão e Eva, Papai Noel e o seu sonho era ser policial no Rio de Janeiro...
Um dia descobriu que o seu melhor amigo estava sendo corneado. A mulher dele andava com um policial do BOPE, que já tinha despachado alguns bandidos para o inferno e era tão troncudo que parecia um armário.
Foi aconselhar-se com um outro amigo, o Sebastião:
- Não posso deixar isso assim, tenho pena do coitado do meu amigo, levando chifre daquela safada! Mas tenho medo de me meter numa encrenca. Que faço?
- Manda uma carta anônima para o teu amigo, dando todos os detalhes!
- É isso mesmo que vou fazer! Tens um papel aí e um envelope pra carta?
- Tenho sim, toma!
Onofre sentou-se, escreveu a carta, fechou-a e, de repente, assaltou-lhe uma dúvida:
- Os Correios não vão aceitar uma carta sem o endereço do remetente. Qual é o endereço que coloco?
- Pô, cara, coloca um endereço fictício.
O expediente deu certo; o amigo do Onofre, recebeu a carta, investigou, comprovou a traição da mulher, aplicou-lhe uns petelecos e botou-a na rua.
Quinze dias depois, bateram à porta da casa de Sebastião. Era o sargento do BOPE, acompanhado de dois soldados, também do BOPE, que foram logo entrando e colocando a metralhadora no peito de Sebastião, que encostou-se à parede, transido de medo. O sargento berrou:
- Então, foste tu, filho da puta, que deste o serviço, né?
- Que serviço? – balbuciou Sebastião.
- A carta, para o marido da vagabunda, contando as bombadas que eu dava nela, né, seu cachorro?
- Não! O senhor está enganado! Foi...
E não terminou, porque começou a pancadaria. Sebastião levou uma surra de criar bicho e foi parar no hospital com uma porção de costelas quebradas e hematomas por todo o corpo. Onofre foi visitá-lo e Sebastião conseguiu murmurar:
- Idiota! Idiota! Olha o que me arranjaste, ô piolho de cobra! Que endereço colocaste naquela maldita carta?
- Eu não sabia o endereço desse tal Fictício que falaste. Então, coloquei o teu...