AS AVENTURAS DE UM BARRIGA VERDE

Pois é...entre outras coisas, fui artista de teatro por dez anos. Escrevi, atuei, dirigi... Em SP tive duas peças com razoável sucesso: Um Provinciano em Sampa e Filhos de Ninguém. Segue a baixo fragmentos da peça Um provinciano em Sampa:

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( chegando na cidade )

Saturnino: êta mais esse pessoá de cidade grande é besta, ó! Vai canstruino uma casa purriba da ôta, vai canstruino, vai canstruino... que quando chega lá inrriba que vê que num dá mais pra mode canstruí
iscreve imbaxo: edificio!

( encontrando um velho amigo que muito lhe abraça)

Bastião: que saudade grande do cê, cumpadre!
Saturnino: eu tumbém cumpade, eu tumbém.

Bastião: mim dá mais um abraço aqui cumpadre?!

Saturnino: oia o povo, cumpade, oia o povo!

Bastião: Ah, não leva mal esse meu jeitão, cumpadre.
Saturnino: eu tô levano mal é esse seu jeitim, cumpade.
Bastião: como tá a cumadre?
Saturnino: aquele cheque sem funda ficô lá. Mai já tô cum uma vontade de vê ela, lascada!
Bastião: e a rocinha?
Saturnino: Viiichi! Tá um trem doido! Istrudia mermo fui arrancá um pé de mandioca. Rapai, tinha uma raiz tão grande, mai tão grande...
Bastião: Já sei! Dava uns 40kg?!
Saturnino: Que isso cumpade! Ansim o pissoá inté ia achá que eu sô mintiroso. Eu só ia dizer que a raiz era tão grande, mais tão grnade, que fui arrancá da merma raiz do ôto lado do rio São Francisco, uai!
Bastião: E aquele pé de manga que o sinhô tinha no terrero, ainda tá lá?
Saturnino: Tá... Minino, num te conto. Magina o sinhô que passô um cachorro doido lá por casa e cuma num achô nada pra mordê, picô o dente no pé de manga! Num passô um meiz e o de manga cumeçô dá laranja, melancia, abroba....
Bastião: Cumpadre, cumpadre...oia!

( fazendo ficha/entrevista para trabalhar)

Dr. Rafael: Por favor saturnino quantos anos você tem?
Saturnino: Pru quê? E o sinhô tem quantos?
Dr. Rafael: Ora, tenho 43 anos
Saturnino: Virge santa!! O sinhô deve gastá um papel amuado, em!!!!
Dr. Rafael: Esquece. Esquece! O senhor então morava na roça?
Saturnino: sim, sinhô.
Dr. Rafael: Sua esposa continua então na zona rural?
Saturnino: Agora o sinhô vacaiô! Tá pidino pra morrê, seu fio de uma égua? Só se fô o sinhô que tem muié em zona, eu não!
Dr. Rafael: Calma meu amigo. Não é nada disso. Calma! É o seguinte: a roça... esquece! Faz o seguinte, vá até aquela sala e peça a Bete para bater uma foto 3x4 do senhor e depois me traz. Pode ir

( aproximando da moça)

Saturnino: Ô Bete, o dotô falô pra você batê uma pra mim!
Bete: O quê??!!!
Saturnino: Ó, e capricha pruquê ele falô que tem que sê de quatro, em

( o Bastião foi visitá-lo)

Bastião: e aí cumpadre, como está o serviço?
Saturnino: Tá muito bom de mais.
Bastião: E o Dr. Rafael tá bem?
Saturnino: Tá não sinhô. Tá numa gripe de dá dó! Imagina que eu fui varrê o quarto dele hoje, e num é que eu incontrei um monte de balãozim cheio de catarro dento!
Bastião: Cumpadre, do céu. Entrei no banheiro da padaria do Manoel e arrependi, viu.
Saturnino: Pro quê?
Bastião: O vaso todo melecado.
Saturnino: Cê sabe que quem caga fora, invés de cagá dentro, é purque tem a bunda torta ou C? de centro!
Bastião: Ah, cumpadre...Só você mesmo! Mas era mais que isso. O trem tava feio, rapaz. Foi merda que num acabava mais! Diarréia das braba.
Saturnino: Pera aí: era merda ou era diarreia?
Bastião: Francamente cumpadre... Tudo a mesma coisa. Tudo bosta!
Saturnino: Não! Merda é merda; diarréia é lágrima de C? apaixonado!

( cantando um RAP)

A cobra e a perereca
onti pegaram uma demanda
a cobra tafuiou dentro
e a pereca abriu as banda.

Agora tô me alembrando
do que disse minha tia,
se peito fosse buzina
de noite ninguém dormia!

( Gran final. Saturnino também é cultura. Ele vai até beira do palco e fala a todos:

Saturnino: Pratéia querida. Quero fazê um pidido. Lá vai: EVITE AIDS... MASTURBE!!!!!

( ele sai, fecha as cortinas)

OBS: Escrevi um cordel desse personagem. Aguarde mais aventuras de Saturnino)
luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 12/04/2008
Reeditado em 11/09/2008
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