ESTRANHO IDIOMA

Amigos leitores, tenham todos um feliz ano novo e muito obrigado por terem me suportado em 2005.

Depois de um ano complicado, nada melhor do que descomplicar as coisas no início deste 2006.

E foi inspirado nos políticos e magistrados do Brasil, cujo idioma é, as vezes, tão estranho, que resolvi dar minha parcela de colaboração nessa "descomplicação".

ESTRANHO IDIOMA

J.B.Xavier

Sou político, mas juro,

Falarei descomplicado

Que é para o nosso futuro

Não ser desconsiderado.

Pois nesse início de ano

Vou falar nosso idioma

Prá todo mundo entender:

Micologia, tracoma

Enfadado que a viger

Seja pela histologia

No epitélio o fribroma

Purulento que catinga

Enquanto a sereibatinga

Lá dentro do pericarpo

Não deixa a planta morrer.

Parece idioma torto,

Entretanto o angiporto

Que leva até o acepipe

Como o caminho do céu,

Leva também ao pitéu

Inda que o frio te constipe.

Nessa língua a acerbidade

- mas há quem diga acerbice -

Junta-se tanta bobice

- Não confundir com bobeche -

Que ninguém nela remexe

Com medo de se avezar,

Pois quem contrair o vezo

Vai acabar com a víbice

E irá por fim se avexar...

No caloji o calmeirão

Tramposeando vagante

Busca pela vagatura

Da sincrética paúra.

Oh Deus! Que língua mais dura

Na paroxitonização!

E o hábito paroxísmico

De ver desgraça molamba

Traz também o desgranido

Que possui por sinomínia

Quase que o exato avesso

E como negaceador

Chamando-se pois, de “travesso”!

Se ainda não entendeste

O que aqui tô dizendo,

Pega, pois teu caparão

e saia logo correndo.

E assim, caparazonado

Tu estarás desculpado.

Procura a paz de um cubelo,

E tira teu dicionário

Lá do fundo do baú.

E em tua linguagem pobre

Veja a rima que isso dá

Com o símbolo do cobre,

Que é...!!!

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 03/01/2006
Reeditado em 04/01/2006
Código do texto: T93773
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