INAUGURAÇÃO

A grande quantidade de cidades pelo interior do Brasil afora, tem em seus representantes pessoas da própria comunidade cujo eleitorado varia de acordo com a popularidade, promessas e até mesmo o carisma pessoal de cada um ou então o lado que o vento gira. Tenho um conhecido chamado Costa, candidato a vereador de uma cidade dessas de baixo eleitorado que sempre tentou mas jamais conseguiu ser dono de um mandato. Funcionário do Palácio do Governo em Minas me disse a frase: "político sem mandato nem o vento bate nas costas." bom amigo perto da aposentadoria.

Mas o que trago em preâmbulo é a pouca ou quase nenhuma instrução de determinados parlamentares das diversas câmaras de vereadores, o que dá uma dimensão hilária a varias circunstâncias sendo esta apenas uma que ouvi por ai e trago para este RL.

Certo prefeito resolveu de vez o problema de saneamento de sua cidade mandando quadruplicar o numero de caixas dágua depois de encontrar um manacial adequado com farta quantidade do precioso líquido e de quebra despachou de vez a companhia anterior

sendo o assunto um fato de vulto na cidade.

Volumoso número de autoridades e importantes pessoas da região foram chamados para a inauguração que teria no fim uma farra acompanhada de perto pela oposição que convidou um indesejado promotor público da comarca, tipo avesso a políticos de toda sorte para intervir em caso de abusos.

Muito bem. Tudo arranjado e o palanque repleto de políticos, militares, delegados, o prefeito e deputados da região, providenciado o discurso seria aberto de forma simbólica o registro do novo sistema de abastecimento quando chega esbaforido e bufando muito o Dodô canhoto, funcionário antigo da caixa dágua e cochicha no ouvido do assessor do prefeito de um jeito que deu para um vereador escutar:

- Prefeito. o Raimundo Precata, deveria ligar o registro do manacial ontem mas ele bebeu demais e até nesse minuto está tonto em casa e lá em cima não tem uma gota dágua.

Bastante preocupado, o prefeito acostumado a ficar nervoso atoa gritou sem a mesma discrição para o Dodô.

- Que notícia de merda você me vez agora Dodô, vai depressa mandar os caminhões de abastecimento jogar pelo menos um pouco de água pra inauguração, quer me atrapalhar a próxima eleição? E ache ai o delegado e mande enfiar peste do Precata bem esse final de semana todo no xadrez, ora.

Um vereador amigo do prefeito, analfabeto a vida toda pergunta?

- O que houve prefeito.

- Cala a boca Tobias, não é da sua conta.

O intrometido dá uma risadinha e fica por perto para ajudar se for chamado.

Daí a pouco chega o Dodô dizendo:

- Prefeito não dá pra levar a água lá pra cima por causa da lei gravidade.

O vereador se intromete de novo.

- Lei da gravidade? ora vamos votar essa lei em caráter de urgência, nos e que mandamos por aqui não é prefeito.

- Ora cale essa boca Tobias, não vê que estamos enrolados agora com toda essa gente.

O vereador não gostou da ingerência do prefeito nos assuntos parlamentares e queimou no golpe.

- Você pode ser a maior autoridade na prefeitura mas na câmara mando eu e nos vamos votar essa lei porque eu tenho quem vota em mim nessa inauguração.

- Quer parar com essa demonstração de arrogância e burrice, nem temos tempo para votar nada acho bom você cair fora daqui que eu resolvo esse negócio dessa água.

- Se eu tô falando que voto eu daqui do palanque faço um acordo com a vereança e você faz um discurso declarando votada a tal lei da gravidade.

Um deputado que estava perto perguntou ao prefeito:

- que lei ele quer votar?

- uma tal de lei da gravidade.

Não menos afastado dos bancos da escola do que os dois (prefeito e vereador) o deputado quis mostar sua força deixando para resolver o assunto depois com a presença dele explorando aquele eleitorado então mandou essa.

- eu ajeito tudo para vocês depois, não interfiram nessa lei agora não que pode dar problema.

O vereador cresceu irado com o deputado.

- Problema? que problema? eu voto qualquer lei nessa cidade ora se voto.

O deputado chamou o vereador num canto e cochichou:

- Disfarça ai porque essa lei você não vota.

O vereador também baixinho pergunta:

- E porque não?

- Porque eu não saio da capital e te falo na batata, isto de lei da gravidade é lei federal.

- Opa, então eu tô fora, fala o veredor deixando a batata na mão do prefeito.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 29/03/2008
Reeditado em 02/05/2009
Código do texto: T922386
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.