A GAFE DO MÉDICO
Sala de espera repleta, começou o atendimento. O Dr. Benviláqua chamava um a um pelo nome. Depois de rápida consulta, acompanhava o paciente até a porta, que permanecia entreaberta, e fazia nova chamada.
A certa altura alguém não ouviu a chamada e o médico repetiu:
— Edwirges da Silva!
Ninguém atendeu. Já demonstrando impaciência, o doutor tentou mais duas vezes. Como não houve resposta, ele já procurava a ficha seguinte, quando uma velhinha se levantou lá de uma extremidade do banco, atravessou a sala a passos lerdos e foi pedir informação:
— O doutor pode me dizer se já fui chamada? Meu nome é Edwirges da Silva.
— Se já foi chamada? Pois a senhora não calcula quantas vezes!
Não entendendo o que o clínico dissera, a velhinha levou uma das mãos ao ouvido em forma de concha:
— O que disse, doutor?
De pavio curto, o médico explodiu:
— Francamente!... Será que estou falando com uma surda?
— Isso mesmo, doutor! — confirmou a mulher, satisfeita. É uma chiadeira danada aqui no ouvido. O senhor pode examinar?
Visivelmente corado, o médico segurou num ímpeto o braço da anciã. A seguir, sem dissimular a indelicadeza, conduziu-a para dentro do consultório, agora batendo a porta com força. Talvez porque o incomodasse ver que, na sala de espera, os consulentes riam baixinho...
* * *