FABULÁRIO 7 O CABURÉ, O TATU E A RATAZANA.
Decidido a sair em busca de maior espaço e alguma privacidade, um caburé abandona o oco de uma árvore, onde viveu tenra idade para fixar morada num dos tantos cupins no tenebroso pasto dos escorpiões negros onde imperavam terríveis e gigantescas serpentes.
Após intensa procura encontra um cupinzeiro que lhe sobressaiu ao agrado resolvendo preparar o lugar conforme sua decoraçãode caburé. contudo secos ruídos sinalizavam a presença do morador anterior (o que o obrigaria a fazer um despejo sem demora já que sua decisão estava firme ). Fingindo abandonar a idéia, deixa de modo sorrateiro visíveis sinais de quem se vai e rodeando o cupim consegue avistar por um buraco um velho conhecido vê um animal dos pequenos mas conhecido.
- Ora, se não é um tatuzinho.
Avesso a idéia de procurar outro cupinzeiro confirma a idéia de optar pela ação de despejo arrumando ele mesmo outra morada para o tatuzinho:
- Esse tatuzinho vai ter morada definitiva dentro da minha barriga!! O tatu vendo aquele caburé a rondar-lhe o refúgio, fervilhava a carapaça tentando se for o caso, ceder o domicílio ao outro mas a ação de despejo do caburé ele sabia que não lhe convinha.
Antes da iniciativa do caburé como se o tatu rogasse a intervenção divina, veio do céu uma chance de ouro para o furador de buracos. Torrencial chuva caiu desavisada, partindo em duas uma goiabeira logo ao lado obrigando o caburé a esconder dentro de uma fenda de eucalípto para não iluminar o pasto com sua carcaça que dificilmente voltaria a ter vida.
E choveu uns dois quartos de hora cessando as águas e retornando a imagem límpida do céu como se não tivesse chovido e o Sol voltou a castigar o pasto dos cupins.
Sem perda de tempo, o tatuzinho tratou de cair fora imaginando que o caburé estaria por perto mas seu andado rebolado chamou a atenção da ave que viu no "ex-morador" do cupinzeiro um assunto não acabado.
- Esse tatu agora não me escapa.
Mais uma vez o tatuzinho se mostrou sortudo pois quando o caburé preparava razante vôo rumo a ele, teve antes que mirar bem para não errar o alvo.
Eis que surge como inesperada surpresa fuçando uma babosa, roliça ratazana que o faz mudar de idéia:
- Mas olha se vou agora perder meu tempo com um tatu de dura carapaça quando surge do nada tão gorda ratazana de bem um meio quilo?
E atento o caburé esquece de vez o tatu que cai fora sem demora passando a ser então a ratazana o alvo.
prepara um plano:
Emaranha-se num amontoado de capins secos cujo pêlo confunde-se com eles e fica imóvel sabendo que a ratazana passaria por ali e seu faro pequeno so se ocupa de farejar o caminho que percorre esquecendo dos entôrnos era com isso que o caburè contava. Paciente com todo predador astuto aguardou longo tempo, ajudado por um toco que se confundia com sua imobilidade, imaginava-se ali dois tocos.
- Espero que a ratazana caia nesse truque.
Logo ouve ruídos vindo de trás de um meloso ressecado, e prendeu totalmente a respiração aguardando.
Girou os olhos com cuidado para que seu brilho não refletisse o Sol estragando o ardiloso plano.
Viu a ratazana movimentar lentamente indo na sua direção. O pelo da roedora estava brilhante, na verdade brilhava mais do que a lua na sua melhor fase e quando esta aproximou-se, ficando a milimetros da presença dele foi abraçada por suas asas e levada para um vôo, (o último da sua vida ) já que o caburé se afastou dali por causa de outros predadores, indo para local seguro, deixando para trás, uma história a mais naquele pasto, sobre o triste fim de uma ratazana que o tempo se incumbiria de fazer cair no esquecimento PARA A SORTE DO TATU.