Para haver desacato...
Já ouviram falar na famosa Invernada de Olaria? Pois era o apelido de uma Delegacia de Polícia no bairro do Olaria, no Rio de Janeiro, na década de 60, famosa e temida pela sua truculência. Lá, apanhava todo mundo: bandido, repórter, advogado, etc. Quando o camburão da Invernada de Olaria circulava pelas ruas do bairro, a rapaziada do crime se escafedia rápido, pois quem estivesse de bobeira ou em atitude suspeita seria agarrado, levado para a Delegacia e, então, o pau cantava!
Mas a instrução que o delegado passava para o setor de capturas era de que o bandido ou suspeito deveria dar um motivo para iniciar a pancadaria. Então, um dia agarraram um cara que se mostrava dócil demais. O suspeito estava sentado numa cadeira, rodeado de policiais já no ponto de baixar-lhe o sarrafo, e o delegado o interrogava, duro e ameaçador:
- Que é que tu tava fazendo na rua, ó pilantra?
- Fui comprar pão, meu senhor, só isso...
- Comprar pão uma ova, safado! Tu tava era esperando alguém para assaltar, né?
- Não senhor, sou um cidadão de bem, um trabalhador.
- Tu é um corno, ó safado!
- Sim, senhor...
- Tu é veado, ó safado!
- Sim, senhor...
Caramba, o cara não reclamava nada! Como autorizar a distinta rapaziada da Delegacia a enfiar-lhe o cacete?
Então, teve uma idéia. Fez menção de dar-lhe um soco e o acusado, num gesto instintivo, levantou as mãos para defender-se. O delegado gritou:
- Levantou a mão pra autoridade! Pau nele, rapazes!