MALOCA QUIRIDA NUM BAITA SURURU
MALOCA QUIRIDA NUM BAITA SURURU
Marcial Salaverry
Foi uma baita judiaria...
quinois nunca pensô qui acontecia...
Nossa maloca derribada ansim...
Foi pra nóis mais qui o fim...
Ela abrigava nossa traia,
nossos corchão de paia...
Nóis discansava das coisas do dia...
e adispois tudo mió nos parecia...
Inté jantá, nois jantava...
i nu friu, nois si juntava...
i cas pinga nois si aquecia...
I das dôo si esquecia...
Agora, quiquinóis fais da vida,
ca nossa maloca caida...
Nois fica ao Deusdará,
sem tê adonde si abrigá...
Pruque fizero isso cum nóis?
Derribaro nossa maloca saudosa...
acabandu cas nossa lembrança gostosa...
Agora a vida num tem mais beleza,
nói vai morrê de tristeza...
Adeus, maloca...
Mai assucede qui o Joca
armô o maió sururu,
e quis praticar tiro ao alvaro
cos cara da Prefeitura,
mai só acertô nas mariposa
qui voava im vorta das lampida...
Mai o Arnesto qui tinha convidado
prum samba, pegô a Iracema,
e dexô nois tudo nas mão...
E ansim foi o sururu qui o
Adoniram arranjô...
Poema inspirado na música Saudosa Maloca, e outras, de Adoniran Barbosa.