NO MEIO DA VALENTIA
No meio da valentia, ví que os valentes eram poucos.
De coragem momentânea, a bradar com gestos loucos.
De bravatas infantis, a uns medrosos que ora roucos,
nada respondem e esperam, escapar de levar socos.
E para que ficar nesse meio? se mostrar invulnerável?
ameaçando alguém, e se dizendo intocável.
Conseguindo quando muito, se mostrar desagradável.
E no meio de gente boa, ser alguém insociável.
Ora se esse meio ainda, que o medroso leva à sério,
O valente só ameaça, com gestos e impropérios,
o ele mesmo tem receio, não confia num mistério.
se na covardia do outro, ele vá pro cemitério.
No meio da valentia, a ameaça é ferramenta,
Onde o valente é feroz, fala que ninguém o aguenta,
e o que aventurar ta na surra, mete medo em setenta,
tudo em troca de bebida e tira gosto com pimenta.