O GENTLEMAN

O GENTLEMAN

João era o gentleman da turma.

Jamais cometia uma indelicadeza com alguém e nunca falava um palavrão, o mais leve que fosse.

Era de abrir portas para as damas, puxar cadeiras, uma gentileza a toda prova.

Carlos, o pentelho, enchia o saco de todo mundo, vivia dando pancadinhas nas costas dos outros, empurrava sem pedir licença.

Os dois extremos, João, Carlos.

Uma noite, depois de muita insistência, conseguimos levar o João para uma pescaria. Coisa que não era muito a sua praia.

Pinga cerveja, conversa daqui e de lá e Carlos resolve pegar o João como bola da vez. Fala, cutuca nos ombros, nas costas, na barriga, empurra. Fala cuspindo, bem junto do rosto, quase encostando boca com boca. Pega no lanche do João com as mãos sujas de terra e de minhoca e enxuga-as na camisa do gentleman.

Até que, acontece o inesperado:

O João perde a cabeça, após mais um empurrão, que o leva para dentro d'água, molhando-o até os joelhos.

"Olhe aqui sr. Carlos, isso foi a gota d"água. Paciência tem limites"

E :

" Vá saciar os seus instintos caninos nas nádegas do ilustrissimo senhor seu progenitor "

Até peixe caiu na gargalhada...

José Romeu

José Romeu
Enviado por José Romeu em 23/02/2008
Reeditado em 20/06/2010
Código do texto: T872093