ZÉ DA CORNÉLIA
Olá companheiro, oh de casa !
É o Zé da Cornélia chegando
Sem fazer cerimônia e entrando
Com notícia a quem me der asa !
Falando em asa, até perco a fala
E eu fico todo arrepiado:
Vou lhe contar de um piado
Que eu ouvi, certo dia na sala !
Meu cabelo até arrepiou
Ao ver aquele bicho agourento
E fiquei passado com o vento
Quando a coruja piou !
É o que estou dizendo ao amigo
E vou esclarecer-lhe com tato
O que sucedera de fato
Depois desse pio de horror !
Depois que setembro chegou
No dia seguinte, bem cedo,
Confesso que tive medo
Ao ver que o café não vingou !
E depois,o pior nem te conto:
Meu cavalo recusou comer grama
Não entendi muito bem esse drama
E de tanto pensar, fiquei tonto !
Que existe um porquê, também acho
(Agradeço a pitada, eu não fumo)
Na encruzilhada, naquele rumo,
Havia um tremendo despacho !
No mesmo caminho em que eu vim
Ter essa prosa com o amigo
E então eu pensei comigo:
Isso é coisa feita pra mim !
E pra aumentar meu tormento,
Quando eu esbarrei nesta escada,
Senti uma verdadeira facada
Nas costas de um pressentimento !
Eu sabia que tinha algo errado,
Tinha um porquê por trás disso tudo !
É de se ver nesse seu rosto ossudo,
A razão do seu olho espantado.
Desembucha e me fala de vez !
Não precisa passar ungüento ...
A conta não deu no orçamento
E vai ficar pro final do mês ?!
Tudo bem, não faz mal, eu espero.
Não quero ver o amigo apertado;
Também já fiquei nesse estado
E acabar de enforcá-lo, não quero ! ...
Mas vou aceitar outro gole !
Que é de primeira, esta cana,
Além do mais caio cedo na cama
E quando eu apagar, ninguém bole !
É ! Parece que vai chover ...
Na verdade já está pingando
E a gripe já está me pegando;
Acredite, quem puder ver !
Só me faça um favorzinho:
Vá comigo até à represa.
Na estrada tem muita surpresa ...
E eu não quero chegar sozinho !