Pimenta nos olhos dos outros é colírio.
 
Parei meu velho carro no espaço certinho, onde tinha uma cruz vermelha pintada no chão, 
em frente à farmácia.
Aliás, sou sempre certinho mesmo e ordeiro em quase tudo.
Na placa recomendação de deixar o pisca-alerta ligado
 e eu poderia ficar 15 minutos com segurança.
Foi o que fiz.
Entrei na farmácia, troquei no caixa uma moeda de 1 real e fui direto para a balança.
Nossa!!!  - 70kgs. Olhei para um lado, para o outro, disfarcei, criei coragem
 e tirei o pé do chão. Ai meu Deus... 98kgs.
Tem quem goste é verdade, mas é peso desnecessário pra carregar.
Mas enfim, fui pro balcão e pedi com cara de macho sério:
- Me vê aí o melhor lubrificante íntimo que o senhor tem.
O farmacêutico pra lá de sério trouxe uma latinha relezinha.
Abri, peguei um pouco, esfreguei nos dedos e reclamei:
- Eu não pedi a melhor meu amigo? Essa não tem nenhum perfume, impliquei.
Então ele trouxe outra, paraguaya, com leve perfume.
- Poxa, o senhor não entendeu? - Quero a melhor impus com veemência.
Dois minutos depois estava lá ele, com a mão no queixo, olhar meio interrogativo,
um leve sorriso malicioso e disfarçado nos lábios.
Colocou uma bisnaga de creme sueco, liso, suave, perfumado e muito caro, informando que aquele além de zelar, alisar, ainda deixaria bom aroma nos lençóis.
Olhou pra mim com sabedoria e firmeza e já foi logo perguntando:
- O senhor é viado, não é?
Nossa, meu sangue subiu à cabeça.
Fiquei macho, mais macho que os machos que mascam as abelhas
 ainda vivas quando querem comer mel.
Estufei o peito, levantei o braço em riste, dei uma torcida no bigodão e massacrei.
    - Como é que o senhor pode afirmar isso com tanta segurança?
Assim, sem muito zelo, até com desprezo confesso, ele falou:
- Ninguém cuida assim das coisas dos outros. E definiu:
- O senhor é viado!!!

Estimule doação de orgãos e sangue. Isso é coisa séria.
Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 17/02/2008
Código do texto: T863489
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