CADÊ O XANDINHO?

..., um mulato, antigo morador de uma cidadezinha histórica, à beira da G0-20."Nego" como era conhecido. Ia andando distraído, pela rua principal. Absorto em pensamentos, apreciando os pássaros que sobrevoavam as árvores, curtindo com ternura o som das folhas que bailavam movidas pelo vento; não viu que a seu lado caminhava uma moça, de beleza esfuziante... "Tímida"...

Tirando -o de seus pensamentos, pergunta a moça:

- Hei! O que o Senhor me diz desta lama que está afundando o nosso País?

- Sim, o que disse?

-Desculpe-me!Argüiu a jovem. - Eu perguntei sobre as bravatas que nos assolam.

-Bem... Disse ele: - Eu acho que, nós, povo brasileiro, somos todos co-responsáveis: digladiamos, debatemos, falamos, espumamos o canto da boca de tanto falar, juramos não entrar no meio do lamaçal; mas, basta uma oportunidade e lá estamos nós, tirando proveito da situação...,ajudando a fatiar o bolo. É uma lástima! O ser humano, (é desumano), somos monstros em formato de gente; Somos uma síntese da má formação congênita; somos malas sem alça, fustigados pelo ter. Quanto mais temos, mais queremos. Temos um preço, e ficamos à caça de quem nos paga mais. Quando vem a eleição... aí sim...que bela oportunidade! somos às vezes tão, ou mais sacanas, que o político que nos compra o voto.

Ansioso, despetalando uma margarida que apanhara pelo caminho, continuou o mulato:

- Veja você, como é insensato o (des) cumprimento das Leis. Aqui neste País, nada funciona, ou melhor, só funciona, se for a favorecimento a ricos. O pobre coitado: coitado! é um enigma, um surto de coragem. Continua vivendo em meio a tanta desigualdade, e ainda consegue sorrir. Desde que, o mundo é mundo: é rico massacrando pobre, é político idealizado por marqueteiro desafiando a inteligência do eleitor... e assim vai.

Nossa! falei tanto e nem perguntei : quem é você?

- Eu? Bem, eu, sabe..., sou Margarida. Não te conheço, mas me informaram...

- Cuidado com o Xandinho, moça.Ele comentou no bar do Pedro, que atacou uma moça em uma rua escura.Estou averiguando o caso. Vou tomar as devidas providências.

-Quem é o senhor?

-Sou o delegado.

-É quem procuro. Preciso registrar uma queixa. Eu vim de Tupicaçaba, uma cidade a 100 KM daqui. Fui chegando e sendo atacada na primeira noite que resolvi sair para espairecer.Isso aconteceu há mais ou menos um mês. Fiquei animada! Pensei:

" É aqui mesmo que quero viver". Minha queixa é que, eu passo pela mesma rua toda noite, no mesmo horário ...e nada do Xandinho aparecer.

Fatima Paraguassú
Enviado por Fatima Paraguassú em 11/02/2008
Reeditado em 22/02/2008
Código do texto: T854648