FABULÁRIO 2 O GAMBÁ E A JARARACA
Um gambá perabulava pelo mato com o estômago a roncar de fome há cerca de três horas sem encontrar nada pela frente. Cançado de perder tempo toma uma decisão nada fácil:
- Há uma toca de onça abandonada perto do morro onde um tamanduá me disse que se instalou um ninho de serpentes é pra lá que eu vou, quem sabe encontro uma jararaca dessas pequenas e acabo com essa fome que me bambeia todo?
Tem quem caia fora de encontro com cobras mas a coragem do gambá tem uma razão de ser, pois ele confia demais no seu fétido odor, reforçado por um gás que usa como arma em situações de perigo e creio ser perda de tempo lembrar de seus dentes afiados que são um perigo pouca coisa menor do que suas não menos afiadas unhas, dai que ele também não tem a quem comprimentar pelo caminho a exemplo da jararaca.
Entra na Matas dos Macacos, pega a trilha das formigas e tem antes uma outra idéia:
- Perto daqui, existe um pasto onde numerosos preás fazem seus ninho em buracos rasos, vou dar uma passada por lá.
Toma novo rumo, rodeia a palmeira imperial junto ao bambuzeiro, desaparece por instantes dentro de umas samambaias do mato aparecendo em um descampado, pega uma trilha de catitus e quando desce a encosta dos alecrins topa com uma enorme jararaca perto de um grande jacarandá e radiante exlama:
- Eu não acredito numa dessas!! - mas que jararaca enorme, isso encerra minha procura por alimento.
E prepara-se o gambá para combater a peçonheta que ao ve-lo fica também maravilhada de satisfação com o mesmo pensamento do gambá invertido é claro (ou seja o gambá é o alimento dela).
- Mas que presente me manda agora a mãe natureza, acabo de acordar de sono reparador e sem me mover um milímetro me surge tal e qual passe de mágica gordo e suculento gambá, daí que de fato eu não posso reclamar dessa vida não.
Assim, a jararaca também tenta encontrar uma forma de tornar o gambá sua presa, não sabendo que o gambá tem uma intenção igual, chegando os dois a travar o seguinte diálogo:
- Prepare-se cobra, seus dias nesta floresta chegaram a fim.
já que saciará minha fome dentro de instantes.
- Que conversa e essa gambá, afinal um Sol fraquinho desses lhe afetou os miolos? - pois fique sabendo que todos tem a sua hora e sua chegou.
- Acha mesmo, pois este pé de jacarandá será o seu túmulo, ou melhor do que restar de você.
Embora com frieza surpreendente e providencial para um bote com precisão milimétrica, aquelas últimas palavras do gambá levaram a jararaca ao último grau de irritabilidade, tendo esta se enrolado com impressionante rapidez e desferindo ataque descontrolado contra o gambá que saiu de lado aumentando ainda mais a fúria da peçonhenta que durou pouco.
pra encurtar o assunto, o gambá lhe desferiu forte dentada na cabeça, matando-a na hora, e tornando-se o único naquele banquete que dispensava convidados e no caso da cobra esta fábula chega ao seu final.
NO ENCONTRO DE DOIS PREDADORES,
VENCE O MAIS ESPERTO.