Pérolas para as orelhas
Na verdade, estas pérolas atravessam as orelhas e se instalam nos ouvidos. Não são brincos de que falo, mas frases que ouvi de perto e que, acredito, valem a pena ser repassadas. Nenhuma delas é ficção. Ainda que nem sempre estejam reproduzidas com total fidelidade – apesar do espírito ter sido mantido intacto – e nem sejam citadas as autorias, fica registrado o carinho por esses autores. E a minha gratidão por proporcionarem momentos de puro deleite...
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“Quando acabar a construção da casa, vou cercar toda ela. A violência, né? Dá medo... então, vou botar em toda a volta uma cerca eletrocutada.”
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“Que coisa, essa vida... às vezes ela dá uma ‘guindada’ de 360 graus...”
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A avó nunca escondeu de ninguém que queria uma neta. A gravidez da nora demorava, mas um dia, entre lágrimas de alegria, chegou. Toda a família comemorou com festa a espera de uma nova criança. O casal foi fazer ultrassom, e, tendo descoberto o sexo do bebê – um menino -, o orgulhoso futuro papai imediatamente ligou eufórico para a própria mãe:
“Mãe, é um menino!!!”
Ao que a avó responde, candidamente:
“Ah, não faz mal...”
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“Me diz uma côsa,” – pergunta o curioso empreiteiro quarentão para seu Osvaldo, de quase 80 anos, um homem forte e ainda ativo – “como é que é nessa idade com as muié? Funciona, é?”
Seu Osvaldo dá uma olhada para o cabra de cima abaixo e, sem esboçar nenhuma reação, responde, na sua calma habitual:
“Se você chegar lá, vai saber.”
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-Filhinha, acho que devemos cortar um pouco seu cabelo. Vamos tirar uns dois dedos dele?”
“Mamãe... cabelo não tem dedo!!!”
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Manoel foi visitar a tia Clotilde. Há muito não se viam.
“Como está Fulana?”
“Bem... Fulana morreu...”
“Puxa, eu não sabia. E Beltrano, como está?”
“Ah, este ainda não morreu.”
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Pegando a criança na escola, depois de um temporal violento.
“Choveu muito aqui, filha?”
“Só no pátio de grama. Na classe, não”.
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O espertíssimo garotinho de 5 anos incompletos, mas de uma inteligência incomum, foi avisado pelos pais que naquela noite iriam comer pizza. Feliz da vida, comemorou, soletrando a seu modo:
“Êba!!!! Pizza!!! PÊ – I – ERRE – CÊ CEDILHA – A!!!
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O amigo do irmão dela se chamava Waldemar. Seu apelido era Cascão, mas ele o detestava. O irmão a alertara para que não o chamasse pelo apelido, nem o deixasse saber que conhecia sua alcunha. A garota ficou pensando nisso, meio tensa, enquanto conversava com ele na sala:
“Acabaram as provas, Waldemar?”
“Sim, ainda bem. Eram muitas matérias.”
“E você, cascou em todas...?”
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O pai é um gozador de primeira, e muito convincente. E a filha - inteligentíssima, porém, para total deleite do pai, extremamente ingênua - iria fazer um estágio de um mês em Firenze, para treinar a língua italiana. O pai não desperdiçou a chance:
“Uma das atrações de Firenze é a Ponte Vecchio. Todo mundo que vai para lá cospe de cima da ponte para o rio, para dar sorte. Não deixe de fazer isso.”
A garota levou a sério, claro. Mas depois descobriu o engodo (não se sabe ao certo se antes ou depois de ter efetivamente cuspido) e resolveu se vingar: no aniversário do pai, deu-lhe uma camiseta com uma linda foto estilizada da Ponte Vecchio, e logo abaixo os seguintes dizeres:
“Cuspi da Ponte Vecchio e lembrei-me de você...”
Em italiano. Para mostrar também que o estágio havia sido proveitoso.
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E para terminar:
Um bando de adolescentes queria entrar num determinado espaço público, porém de acesso restrito, para analisar a possibilidade de sua turma utilizar aquele espaço para a comemoração do Dia da Bandeira. Chegaram ao local e foram recebidas pelo segurança.
“Vocês não podem entrar” – disse o homem.
“Moço, a gente só quer ver” – disse a porta voz.
“Não pode. Pra entrar aqui, só com memorando.”
“Ah! Então! É o que nós vamos fazer no Dia da Bandeira...”