VINGANÇA

Toda a noite era a mesma coisa. Na hora de dormir os carapanãs brotavam de não sei onde e me cobriam de picadas. Mesmo que fechasse o quarto bem cedo, eles não deixavam de entrar. Encomendei um veneno no formato caracol, chamado de “sentinela”, que ficava queimando durante a noite. Mas o que eu comprei não ficava aceso. Creio que eles apagavam cuspindo ou urinando nele. Depois um químico me disse que se o veneno não resolvesse era melhor não usar mais. Havia suspeita de mosquitos viciados em inseticidas e a aplicação deste poderia ter efeito contrário. Em vez de repelir, poderia atraí-los.

O que fazer? O mosquiteiro não era barreira pra eles. Esquentavam ao bico na lâmpada e faziam um furo. Enquanto dois mosquitos seguravam o buraco aberto, os outros entravam. Usavam o vento do ventilador para planar e vinham pelas laterais da cama, por baixo das cobertas.

Outro dia tive uma idéia genial. Lá pelas 17 horas abri as janelas do quarto, abri também a porta. Deixei tudo escancarado. Nada de veneno, nada de ventilador. As 19 entrei, com o rosto coberto, com luvas e meias, pra não ser ferrado. Fechei as janelas, apaguei a luz e fechei a porta.

Fui dormir no hotel.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 25/01/2008
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