A CULPA FOI DO UÍSQUE...
Na frente do espelho Tone Bacurau, dava os últimos retoques. Arrumou a gola da camisa, o cabelo e pronto. Estava nos trinques. Girou nos calcanhares ao mesmo tempo gesticulando os braços e saiu no passo de ganso. Passou pela porta, deu um beijo na mãe que assistia à novela, pegou o carro e foi para o Salão Paroquial.
Todos os eventos do local eram realizados no Salão Paroquial. O Padre Agostinho o alugava com muito gosto.
Ao chegar encontrou os amigos, todos eufóricos esperando a hora do baile começar:
Os três amigos foram para o salão e ocuparam uma mesa um pouco distante da pista de dança.
Aos primeiros acordes do Conjunto Blue Star, a pista encheu. Gereba conduzia Terezinha com maestria e de rosto colado. Tuzinho da mesma forma dançava com Clara. Porém, Tone Bacurau não conseguia encontrar Lisbela. Olhou para todos os lados e nada da menina. O rapaz desiludido retornou a mesa e pediu ao garçom uma dose dupla de uísque. De repente notou na mesa ao lado uma linda morena sentada tomando uma Coca-cola. Demonstrando cavalheirismo acenou com a cabeça e recebeu como resposta um sorriso encorajador.
Tomou mais um gole de uísque, levantou-se foi à mesa da morena. Apresentou-se e começaram a conversar.
-Mas você não disse seu nome.
-Eu sou Ana Rosa. Mas pode me chamar de Aninha, como todos me tratam.
Durante longo tempo Tone Bacurau ficou conversando com Aninha.
Após algumas doses de uísque, o rapaz levantou-se e convidou Aninha para dançar.
- Vamos dançar Aninha?
A moça abaixou a cabeça vergonhosa e respondeu.
-Eu não posso dançar Tone. Eu sou paraplégica.
O rapaz ruborizou-se e meio sem jeito falou:
- Desculpe Aninha eu não tinha notado. Aliás, assim como você está, ninguém nota.
- Tudo bem Tone. Eu é que não devia ter vindo ao baile se não posso dançar. Não acha?
- De jeito nenhum Aninha. Você pode muito bem divertir-se sem ser preciso dançar.
Tone Bacurau e Aninha continuaram conversando e o tempo passou. O baile transcorria animado quando Maria Helena uma amiga de Aninha aproximou-se da mesa e disse:
-Ana vamos embora. O baile vai acabar.
- Se você preferir Aninha eu levo você. - disse Tone.
-Eu queria ficar mais um pouco Maria Helena. Se você não se importar...
- Tudo bem. Então amanhã eu passo na sua casa e conversaremos mais.
Maria Helena foi embora e Tone Bacurau ficou com Aninha, o rapaz já tinha ingerido várias doses de uísque. Bem mais tarde Aninha resolveu ir embora:
- Preciso ir embora Tone.
-Tudo bem Aninha. Vou pagar a conta e iremos.
Tone carregou Aninha no colo até o carro e seguiram para o sítio onde a moça morava.
- Pare aqui Tone. Daqui pra frente você tem que me lavar no colo. A estrada acabou, mas é perto.
- Tudo bem Aninha, vamos.
Começaram a andar pela pequena trilha, O luar cuidava de clarear o pequeno caminho. Tone sentiu o corpo da moça contra o seu e uma onda de calor subiu-lhe até a cabeça. Começou levemente a acariciar Aninha que correspondia beijando-lhe o pescoço. As carícias do rapaz tornaram-se mais ousadas e eram facilitadas pela proximidade das pernas da moça, uma vez que a carregava.
De repente passaram debaixo de uma árvore cujo galho era muito baixo; Aninha imediatamente soltou o pescoço de Tone e agarrou firmemente no galho da árvore. O rapaz entendeu o gesto e abaixou a calcinha da moça e entre beijos e mais beijos a possuiu ali mesmo, naquela esdrúxula, mas confortável posição.
Refeitos do colóquio amoroso, sentaram à beira da estrada, quando então Aninha disse:
- Vamos emboraTone que o meu pai é muito bravo e deve está preocupado comigo.
-Minha Nossa Senhora! O que eu fui fazer. Perdoe-me Aninha. Abusei de você. Que canalhice a minha. Foi o uísque. Eu não devia ter bebido tanto.
- Tudo bem, Tone. Fique calmo.
- Nada disso Aninha. Eu sou homem de caráter. Assumirei o meu ato.
Andaram mais um pouco e chegaram em casa. Ainda com a garota nos braços, Tone bateu na porta. Imediatamente o pai de Aninha abriu demonstrando está esperando a filha.
- Boa-noite. - disse Tone respeitoso.
- Pai, este é o Tone. Um amigo que veio me trazer. A Maria Helena saiu da festa mais cedo.
- Sei... respondeu o pai de Aninha desconfiado.
- Pressentindo perigo, Tone adiantou-se:
- Olhe, o senhor pode ficar tranqüilo, que eu me caso com a Aninha. Realmente nós perdemos a cabeça e aconteceu, eu tomei uns uísques a mais e o senhor sabe como é...
- Não se preocupe com o casamento não, Seu Tone. O senhor provou que é uma pessoa de bem. Pior são os outros amigos dela que a deixa pendurada naquele galho da estrada gritando por socorro e eu tenho que ir buscar. Toda semana é a mesma coisa.