MARADONA

Após 15 dias internado num hospital para recuperar-se dos ferimentos oriundo de um acidente automobilistico, Juvercino, resolveu processar o proprietário do outro carro. Ele iria ingressar em juízo pedindo indenização pelos danos sofridos.

Ajustou um advogado e aguardou alguns meses até que chegou o dia da audiência.

Em dado momento o Juiz deu a palavra ao advogado do réu e este começou a inquirir Juvercino:

- O Senhor ao ser socorrido no dia do acidente, disse que estava tudo bem, que não precisava de atendimento médico. Não disse? Consta dos autos.

Juvercino meio acabrunhado responde:

- Veja bem, doutor. Vou lhe contar como tudo aconteceu. Eu coloquei o meu cavalo chamado Maradona na carroceria da minha caminhonete...

O advogado alterando a voz, interrompe Juvercino e diz em altos brados:

- Eu não estou pedindo para o senhor contar toda a historia do acidente. Não preciso dos detalhes. Por favor responda somente a minha pergunta. O senhor disse ou não disse que não precisava de atendimento médico? O senhor não disse que estava tudo bem?

- Vou responder doutor, mas o senhor tenha paciência para ouvir. Bem, eu coloquei o meu cavalo Maradona, na caminhonete e peguei a estrada...

O advogado nervoso bate na mesa e interrompe novamente o depoimento de Juvercino:

- Excelência! O autor não quer responder a pergunta formulada. Está desviando o assunto. Estou tentando estabelecer os fatos ocorridos na hora do acidente, quando ele disse ao patrulheiro rodoviário, que estava bem, não precisava de assitência médica.

Agora, várias semanas após o acidente ele está tentando processar meu cliente, quer ser indenizado. Isto é extorsão! O réu requer a Vossa Excelência que determine ao autor que responda à pergunta feita simplesmente, sem maiores detalhes. Quero saber apenas se ele disse ao patrulheiro que não precisava de atendimento médico. Mais nada.

Mas, a essa altura, o Juiz estava muito interessado na resposta de Juvercino e disse ao advogado:

- Indefiro a forma da pergunta. Quero ouvir o que o autor tem a dizer.

Juvercino agradeceu ao Juiz e prosseguiu:

- Pois bem, Excelência. Como eu estava a dizer, coloquei meu cavalo Maradona na caminhonete e estava a descer a rodovia quando o carro do réu atravessou a pista e bateu na minha caminhonete bem na lateral. Eu fui lançado fora do carro para um lado da rodovia e o meu cavalo Maradona foi jogado pro outro lado. Eu fiquei muito machucado e não conseguia me mover, porém, podia ouvir meu cavalo Maradona relinchando e grunhindo de dor. Senti que que o estado dele era muito grave.

Instante depois do acidente, chegou a Patrulha Rodoviária. O patrulheiro rodoviário ouviu o meu cavalo Maradona relinchando e zurrando e foi até onde ele estava. Depois de examinar o Maradona, ele pegou a arma e atirou bem entre os olhos do coitadinho. Então, o policial atravessou a estrada com sua arma na mão, me olhando de modo esquisito, notei até um pequeno riso amarelo, chegou pertinho de mim e disse:

- O cavalo estava muito mal e eu tive que atirar nele. E o senhor? Como está se sentindo? Está bem?

- O que o senhor falaria no meu lugar, Meritíssimo???

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 20/01/2008
Reeditado em 20/01/2008
Código do texto: T825363
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