O traído arrazado e o compadre sentimental

Cornélio andava numa pindaíba dos infernos, também pudera como disse o próprio corno, digo, Cornélio:

-Difícil não é saber que você foi corneado, duro é você mesmo dar o flagrante.

Já havia dois três meses do fatídico dia que feriu a mão no árduo trabalho de bombeiro e foi mandado mais cedo para casa, triste “surpresa” Mais depois de tudo que lhe aconteceu eu é que não vou ficar aqui fazendo rodeios: Pegou a nega numa posição que apesar do susto não deu um gritinho se quer também dar gritinho como de “boca...”.

Mais a de se ressaltar que o corno, digo Cornélio (será essa semelhança mero acaso?) foi muito macho, pelo menos depois do flagra. Botou a nega pra fora, e rapidamente arranjou um consolo (não pensa besteira) foi a mardita cachaça mesmo, nas primeiras semanas até que era compreensível afinal fora acometido de uma revelação absolutamente inesperada.

Entretanto a coisa começou a tomar um rumo preocupante, bebedeira, bebedeira, bebedeira sempre nos finalmente choradeira, choradeira e mais choradeira. Logo ele que achava um absurdo o Oscar do basquete daquele tamanho chorar copiosamente por qualquer motivo, é mais a vida nos prega peças e o pobre Cornélio andava chorando mais do que criança com dor de barriga de três meses e não se conformava em ser traído daquela maneira.

O Luiz, compadre e vizinho do traído (to achando que traído fica melhor que corno) preocupadíssimo com a condição do compadre e grande amigo resolve convida-lo a ir a um rancho de um conhecido na beira do rio, dispersar um pouco as idéias.

-Então compadre vamos sair amanha bem cedo para aproveitar bem o dia, vai ser bom pro senhor meu compadre, vai lhe fazer bem.

O traído (é mais light mesmo né?) a principio quis resistir mais não conseguiu livrar-se dos argumentos do compadre, saíram bem cedinho no sábado.

O dia foi jóia, passaram o tempo pescando tilapias e lambaris no córrego que passava a uns trinta metros do rancho, começo de noite o fogo já aceso os peixes sendo fritados o Luiz inocentemente liga o radio (AM Placar de Ortigueira) essa emissora é uma estória a parte, o “traído” sentado à mesa, compadre Luiz fritando os peixinhos e toca no radio a musica boate azul, foi a gota d’água o traído começou a soluçar forte e hic,hic,hic e choro e com as duas mãos sobre o rosto as lagrimas rolavam...

-Compadre! Vou desligar o radio

-Não, hic, hic, deixe ligado, me deixe chorar, hic hic...

E Matogrosso e Matias mandando ver: Eu bebi demais e não consigo me lembrar se quer qual é o nome daquela mulher a flor da noite da boate azul...

Cornélio ainda em lagrimas ouve algo estranho vindo da direção do fogão a lenha: Tsss tsss tsss...

-Ooo compadre Luiz, se ta chorando?

Compadre Luiz mexendo os peixinhos na frigideira vira-se:

-Se... Também é foda... Hic hic hic essas musicas ai hic,hic e as lagrimas caiam sobre a chapa quente do fogão e Tsss, tsss, tsss.

edemorpin
Enviado por edemorpin em 20/01/2008
Reeditado em 21/01/2008
Código do texto: T824787
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