BUFÊS – PESANDO NA CONSCIÊNCIA
BUFÊS – PESANDO NA CONSCIÊNCIA
(Autor: Antonio Brás Constante)
Existe uma hora em nossos produtivos dias de serviço que serve para o descanso de nossas mentes, e isso acontece enquanto alimentamos nossos corpos (para alguns estes momentos são de no máximo quinze minutos). É a hora do almoço, onde nos deslocamos para verdadeiros oásis gastronômicos, localizados entre os turnos de trabalho da manhã e da tarde.
Nem tudo é moleza nestes locais, pois já na chegada devemos vasculhar com nossos olhos de águia o melhor lugar para sentarmos e decidir de forma rápida entre comida a quilo ou bufê livre.
Outro transtorno é a fila para chegar até o bufê, onde encontramos garotas magrinhas trancando o bom andamento daquela enorme tripa humana, decidindo se pegam mais uma folhinha de alface ou não. Talvez tenham medo de colocar duas folhas, pois acreditam que provavelmente não conseguirão segurar ou erguer o prato, com tamanho volume de verduras.
Essas pobres vítimas da silhueta esbelta em forma de palito, ficam olhando os pastéis de queijo e as travessas de lasanha, sem se atreverem a sequer tocar em qualquer dessas guloseimas. Babando pelos olhos lágrimas de sacrifício, tudo para poder manter a mostra seus corpinhos esqueléticos.
Já outros como eu, desafiam as leis da física, com pratos transbordando deliciosas iguarias, as quais denominamos como “manjares do estômago”. Começamos primeiramente comendo os alimentos com os olhos, saboreando suas cores, seu aspecto tenro e suculento. Depois repetimos a experimentação dos sentidos, aspirando o inebriante aroma das frituras e molhos que dançam em frente as nossas narinas, sendo absorvidos por nossas vias respiratórias. Para enfim devorar tudo com lascívia voraz, retornando ao bufê para uma nova rodada de devassidão alimentar.
No meio de nosso caminho encontramos a balança para pesar a comida, que é o pedágio que pagamos de acordo com a carga que levamos. Porém, esta maquininha não é a nossa maior inimiga. Nossa maior inimiga é a prima dela, a balança de farmácia, localizada a poucos metros de qualquer restaurante (lancheria, ou assemelhados), que fica lá exposta, fazendo-nos passar de cabeça baixa por ela, para que nossa consciência não nos obrigue a parar ali para enfrentarmos a realidade de nossa massa corporal.
Se acaso decidirmos nos punir subindo sobre os ombros daqueles utensílios que apontam nosso peso com cruel veracidade, finalmente nos depararemos com as conseqüências de nossos atos, o peso de nossos corpos causando peso em nossas consciências. Ao sairmos dali talvez até encontremos as esguias meninas das folhinhas de alface, nos lançando um sorriso de doce vingança, por termos nos esbanjado na comilança enquanto elas sofriam com suas miseráveis saladinhas verdes.
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