Café coado na calcinha

Em São Paulo, uma mulher de 30 anos, Maria, conhecida por sua feiura, vivia uma rotina solitária. Seu rosto angular, nariz grande e dentes tortos não a ajudavam a atrair olhares. Maria suspirava beijando a fotografia de Sirlei, seu melhor amigo desde a infância.

Um dia, no Forró do Zé, em Santana, Maria decidiu se declarar. No entanto, Sirlei conheceu uma loira linda e deslumbrante. Maria ficou sozinha, chorando. Um velho, com bigode grisalho, aproximou-se e puxou Maria para dançar. Ela jogou uma cereja em seu rosto.

— Você é louca! — exclamou o velho.

No dia seguinte, Sirlei visitou Maria em sua casa na Zona Norte para contar sobre sua noite com a loira.

— Eu nunca me diverti tanto, Maria! Eu acho que estou apaixonado por aquela mulher! — disse Sirlei.

— Que bom, Sirlei! Eu desejo felicidade para vocês! — respondeu Maria.

Quando o amigo foi embora, Maria cheirosa deitou-se no travesseiro e chorou de soluçar, por medo de Sirlei se casar com a loira.

Certa vez, Maria comentou com uma vizinha, Vanusa, sobre o amor não correspondido.

— E você não pegou esse homem ainda, minha filha? Vai deixar a loira rapariga roubar ele de você assim de mão beijada? — perguntou Vanusa.

— Eu amo o Sirlei, dona Vanusa, mas ele me vê como uma amiga e, além disso, eu sou muito feia para ele! — respondeu Maria.

— Minha filha, feia você é, mas nem por isso você merece sofrer. Eu vou ensinar uma simpatia que eu fazia quando era moça e namorava quem eu quisesse! — disse Vanusa.

— Qual simpatia, dona Vanusa? — perguntou Maria cheirosa, curiosa.

— Coa café na calcinha, e dê para o Sirlei beber. Ele vai se apaixonar por você na hora! Ele vai ficar hipnotizado pelo seu cheiro! — aconselhou Vanusa.

— Ah, tá bom, mas esse mês eu tô sem dinheiro para comprar uma calcinha nova, dona Vanusa. Deixa para fazer essa simpatia o mês que vem! — disse Maria.

— Não, minha filha, o café tem que ser feito com calcinha usada. Você usa a calcinha o dia inteiro, deixa ela suada e depois coa o café e dê para o Sirlei beber. Você verá, ele irá gamar em você na hora! — disse Vanusa.

Maria seguiu o conselho e fez a simpatia. Chamou Sirlei para tomar café em sua casa, mas não sabia que estava coado na calcinha surrada dela.

— Nossa, Maria, esse café está com um gosto estranho? — disse Sirlei.

— O que foi, Sirlei? Está com gosto ruim? — perguntou Maria cheirosa preocupada.

Sirlei olhou Maria, dos pés a cabeça e disse:

— Não, ao contrário! Está uma delícia! Agora que eu reparei, você está tão bonita hoje, minha amiga! O que você tem?

— Eu nada, só pintei as unhas! — disse ela, abrindo sutilmente o decote da blusa.

Sirlei se levantou e beijou Maria. Para ele, a feiura se transformou em beleza. Eles engataram um namoro e, em menos de um mês, noivaram e se casaram três meses depois, em uma cerimônia íntima na igrejinha do bairro.

A cidade inteira se surpreendeu. Vanusa assistiu ao casamento, sorrindo:

— O amor não conhece feiura! E o santo café coado opera milagres!

Sandro silva
Enviado por Sandro silva em 10/12/2024
Código do texto: T8216396
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