O equivoco da cultura com C*

O Brasil está sabendo lidar com os absurdos que temos visto nas universidades?

Primeiro, falta camisa de força. Depois, discernimento. A confusão entre política estudantil, política universitária e a produção de conhecimento não é só prejudicial, é um desastre.

Estudantes e professores sérios estão pagando a conta dessa bagunça. Ideologia nas universidades sempre existiu e a esquerda sempre foi maioria. Mas o que estamos vendo hoje, com professores perseguidos por exigirem qualidade ou simplesmente por fazerem pesquisa séria, é uma maluquice inédita.

Há uma distorção generalizada, fomentada pela imprensa e pela opinião pública. Antigamente, o título de “intelectual” era reservado a quem dedicava a vida ao estudo, acumulando décadas de pesquisa e reconhecimento acadêmico, gente que trazia contribuições reais para o conhecimento, com trânsito em grupos de estudo internacionais.

Hoje, qualquer ativista com um mestrado ou doutorado virou “intelectual público”, frequentemente mais preocupado em lacrar em redes sociais do que em construir algo relevante. E por que aceitamos isso? Porque o Brasil é um país que fetichiza e odeia, ao mesmo tempo, a ideia de universidade.

Existe, infelizmente, a cultura do desprezo ao sucesso. Se um estudante brasileiro ganha um prêmio internacional, quase ninguém fala. Se um professor é reconhecido no exterior, ele não vira notícia. Mas se alguém faz algo aberrante – como o caso do “educando com o c*” – aí todo mundo fica sabendo.

O problema é que, enquanto nos perdemos em histerias e generalizações, a perseguição cega contra todos os professores só fortalece os identitários que já estão no poder. A conta é simples: enquanto quem briga contra eles está fora das universidades, eles já estão dentro.

O erro está na confusão de papéis. Política estudantil existe. Política universitária, idem. Professores e alunos têm ideologias e isso não é problema. O problema é tratar posicionamento político como conhecimento e aceitar como “ciência” coisas que nada têm a ver com a produção científica.

Aceitar o pajubá, por exemplo, como produção de conhecimento válido é uma dessas aberrações. Ele pode ser valorizado culturalmente, mas não pertence ao domínio acadêmico, que deveria se basear em critérios objetivos e científicos. (Está se perguntando o que é pajubá?

Também chamada de bajubá (com “b” ao invés de “p”) a linguagem pode ser definida como o “repertório vocabular e performativo de certa parcela da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuaia).

Essa inversão de valores não só atrapalha o conhecimento como destrói a reputação de professores que, ao tentarem manter o rigor acadêmico, são atacados por turbas canceladoras. A sociedade precisa abrir os olhos e proteger esses professores, que muitas vezes se sentem sozinhos, no meio de um fogo cruzado ideológico. Sem eles, não há futuro. E não se engane: sem o apoio a quem realmente constrói saber, os identitários e seus absurdos vão ganhar mais espaço e aí será tarde demais para reverter.

Raffert e Madeleine Lacsko
Enviado por Raffert em 08/11/2024
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