Falta de empatia...
O conceito de empatia diz respeito à capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, sentirmos seus sentimentos em determinada situação etc.
Então o suposto ladrão, que não parecia assim tão burro, mas era, porque se deixara apanhar facilmente pela polícia, explicava ao agente que o prendera:
- Eu não pretendia roubar nada, seu guarda, estava apenas passando por aqui e pensando em praticar um pouco de empatia.
- Antes de mais nada, seu guarda, não. Policial, agente da lei.
- Desculpe, me coloquei ou o coloquei no lugar do outro de modo errado.
- Confuso, você, hein? E afirma que estava praticando empatia: o que quis dizer exatamente com isso, se tentava pular o muro para dentro da mansão?
- Estava tentando me colocar no lugar do outro, do milionário dono da casa.
Eu não tenho as chaves, claro, por isso tentava pular o muro.
- Isso não existe, malandro, esse negócio de empatia. Não para o seu caso. Você estava tentando se colocar dentro da casa dele para roubá-lo, isso sim.
- Não, nada disso, já falei: eu só queria sentir como é ser rico por alguns minutos, apenas isso.
- Já que você parece metido a filósofo, não pense que um policial também não conhece ditos filosóficos. Como este: “Macaco que muito pula quer chumbo.”
- Desculpe, policial, mas penso que essa sua frase faz parte da chamada sabedoria popular, nem sempre sábia na verdade. Além disso não é nem um pouco filosófica, nada tem a ver com o contexto, com o que falávamos anteriormente.
- Como não tem a ver, meliante?
- Como assim, seu policial?
- Assim: quem pula o muro dos outros para roubar merece chumbo, ou cadeia, já que não posso sair por aí atirando à vontade no rabo dos outros.
- Ah, não: agora ficou péssimo! Vou repetir: muito pouco ou nada filosófica sua argumentação. Sócrates ou Aristóteles, eles sim, teriam dito coisa melhor sobre essa situação.
- Como é?! Quer dizer que esses seus dois comparsas estão lá dentro? Conseguiram então pular o muro antes de eu chegar e lhe prender? Vou chamar reforço policial imediatamente!