Legítima Defesa (Versão atualizada)
Era apenas mais um sábado de manhã, como tantos outros. Júlio se dirigiu à casa de seus pais, como de costume. Ao passar perto do bar do Miro, vemos um pequeno tumulto, mas decidimos seguir em frente. Ele costumava parar para tomar um gole de bebida, alegando que isso o ajudava a começar bem o dia. No entanto, naquele momento, evitou a tentativa.
Já na última esquina antes de chegar à casa dos pais, Júlio viu um homem tentando assaltar uma senhora. Sem considerar a mulher, hesitou por um momento. Afinal, aquele era um bairro violento e cenas como aquela se tornavam quase comuns. Ele decidiu ignorar, mas algo inesperado o fez mudar de ideia.
A mulher resistiu ao assalto e, em resposta, o agressor passou a golpeá-la com socos e chutes. Quando Júlio se mudou mais, o choque o paralisou por um instante: a senhora era sua mãe, que o aguardava ansiosamente para lhe dar um abraço. Vê-la caída no chão, coberta de sangue, trouxe um desespero profundo. O bandido ainda estava por perto, exibindo a bolsa que acabara de roubar, como se a impunidade fosse um direito.
Sem pensar nas consequências, movido pela fúria e pelo instinto de proteção, Júlio correu atrás do homem. Ele o alcançou e, com a ajuda de um conhecido que estava passando, começou um golpeá-lo, sem dar chance de defesa. A cada soco, a raiva aumentava, até que, num momento de lucidez, Júlio percebe que o bandido já não respondia, que estava morto.
Desesperado, Júlio chegou à casa de um dos irmãos, que morava em um bairro vizinho. Ao chegar, implorou:
— Me ajude a fugir! Eu matei um homem!
Enquanto falava, um veículo se movia. Dele desceu uma pessoa vestida como se estivesse fardada, e Júlio ouviu seu nome ser chamado repetidamente:
— Júlio... Júlio...
A voz ficou cada vez mais alta, até que, em um súbito despertar, ele descobriu que estava em sua cama. Sua esposa o chamava, tentando tirá-lo do pesadelo:
— Júlio, acorde! Está na hora de ir para o trabalho!
E assim, o horror daquela noite se dissolveu no despertar de mais um dia.