Amassado pelo Diabo
Quando Hitler chegou no Inferno foi logo querendo mandar no Diabo.
Só que o Diabo era mais diabólico do que ele, claro.
Vinha fazendo maldades e queimando gente há séculos.
Gente de todo tipo: ao contrário dos alemães, ele não tinha qualquer preconceito.
Hitler insistiu que queria queimar todos os judeus que fossem mandados para o Inferno.
O Diabo falou que ali não havia judeus.
Porque eles tinham não apenas um Inferno à parte, também um Céu separado.
Judeus nem mesmo podiam ser cremados quando morriam, apenas enterrados.
O Diabo respeitava isso, Hitler que fizesse o mesmo.
Insatisfeito, privado de sua principal diversão, a raiva de Hitler cresceu.
Ameaçou provocar um tumulto na casa do tinhoso, promover ali uma noite das brasas.
De saco cheio, o Diabo resolveu que iria queimar Hitler e seu grupelho brevemente.
O que se daria na próxima fornada de pães diabólicos.
Foi o que fez, pessoalmente, coisa que jamais fazia rotineiramente.
Porque tinha muitos auxiliares para tal, preferia cuidar da administração do Inferno.
Mas com Hitler e os nazistas foi diferente, amassou-os e depois assou-os.
Daí que vem aquela expressão “o pão que o Diabo amassou e assou...”
Deve ter sido mesmo uma única vez que o Diabo fez isso.
No entanto, a fama ficou para sempre, embora a receita desse pão não fosse originalmente infernal.
Fora roubada de Santo Antonio e seu famoso pão pelos cozinheiros do Demo, que nela deram uma grande piorada, claro.
Já encontrei muita porcaria dentro do pão, mas nunca um pedaço de bigodinho, cruz de ferro ou suástica.
Sinal de que aqueles nazistas, pelo menos, se foram para sempre mesmo, graças a De... ao Diabo.
Já o suor dos padeiros ainda hoje é usado para salgar o pão que o Diabo não amassou nem assou.
Nunca mais, só daquela vez.
Mas para muitos é como se ele tivesse feito isso a nossa vida toda...