Devorando livros
Eu passeava pelo Central Park.
Estava com meu Canzarrão, Big Dog para os nativos.
A moça passeava com sua cadelinha.
Canzarrão foi cheirar o rabo dela.
Fiquei com vontade de fazer o mesmo, mas me contive.
Logo iniciei uma conversa com a dona.
Enquanto isso Canzarrão se deu muito bem com a cadelinha.
Perguntei como se chamava.
Disse que era Virginia Woolf.
“Mas você tem algum parentesco com a grande escritora inglesa?”, perguntei em seguida.
“Não, é uma homenagem apenas. E Virginia Woolf é o nome dela.”
“Da cadelinha?”
“Sim, eu mesma me chamo Emily Dickinson.”
“Ah, desculpe, me confundi... Igual à famosa poetisa, então.”
“Não sei, não conheço. Há, então, uma poetisa com o meu nome?"
"Sim, ela é muito conhecida; aqui e mundo afora."
"Certamente ela gostará de me conhecer um dia, não?”
“Não sei, acho meio difícil, impossível mesmo.”
“ Ela não mora aqui em Nova York?”
“Não, ela se enterrou em Amherst, Massachusetts, nunca mais saiu de lá.”
“Que pena...”
“Mas é só procurá-la numa livraria ou biblioteca pública que irá encontrá-la, sem dúvida.”
“Claro, vou fazer isso um dia, gosto muito de poesia."
"Eu também."
"Quer ouvir minha preferida?"
"Claro, será um prazer!"
"Lá vai: The rose is red / The sky is blue / Sugar is sweet / And so are you.”
“Nossa! Muito bonita mesmo.”
“Que bom que aprecia poesia clássica.”
“E Virginia Woolf, também aprecia literatura?”
“Escrever nem tanto, mas compensa sendo uma grande leitora.”
“É mesmo?”
“Sim, devora dois a três livros por semana.”
“Qual gênero ela aprecia?”
“Qualquer um, desde que não seja um livro de capa dura.”
“Por qual motivo?”
“Está velhinha, tem os dentes fracos. Logo vai precisar de dentaduras.”
“Pobrezinha...”