A bibliotecária genial

Numa biblioteca pública em Nápoles:

Elena: Lila, questi libri sono messi negli scaffali giusti?

Lila: Non lo so, Elena, non ne ho letti, sono in portoghese, una lingua che non parlo, sai?

Elena: Va bene. Nemmeno io parlo portoghese, ma capisco molto.

Lila: Molto bene! Sei davvero geniale!

Então, minha amiga Lila:

Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, não é um livro de Botânica ou Agronomia sobre frutas cítricas, especialmente essa. Como é um romance bastante conhecido, ninguém vai se confundir na hora de colocá-lo na estante adequada, de ficção brasileira.

Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, aquele do “homem cordial” brasileiro, não é sobre mandioca, aipim ou macaxeira que é tudo a mesma coisa, nem sobre outros tubérculos. Aqui a coisa se complica um pouco, porque sim, numa conhecida universidade, o livro do pai do Chico foi parar mesmo na seção de Botânica. Imperdoável!

Mas o que dizer de Cinquenta Tons de Cinza, de E. L. James, se o último livro que a pessoa leu na vida foi a cartilha Caminho Suave e aí ela ganha do prefeito, porque votou nele nas últimas eleições, um cargo na biblioteca municipal? Pode pensar que talvez o volume tenha algo a ver com aqueles catálogos de tintas facilmente encontráveis nas lojas de materiais de construção.

É lícito pensar que quanto mais cinza (no quarto dos amantes) melhor, não? Porque se tem cinza, nem importa tanto o tom, é porque antes houve fogo, muito fogo! E então também poderia ser quanto mais quente melhor, não é? Mas aí não seria tanto literatura e sim, cinema. No entanto, todo filme, ou a imensa maioria deles, tem roteiro (que é escrito) ou então é adaptação de obra literária. Daí que os livros vieram bem antes dos filmes. Óbvio, não?

Genial, eu diria!

Genial é você, minha amiga genial!

Uau!