Larica global
Ele vivia reclamando.
Que dado o baixo nível de conhecimentos dos alunos, ser professor universitário era pagar os pecados em sala de aula mesmo.
Ela era a melhor aluna da turma.
Os rapazes com quem ela estudava é que diziam isso.
E somente fazia perguntas inteligentes, como esta:
“Professor, o que faz agora o descobridor dos sete mares se todos já foram descobertos?”
“Eu não sei, mas aí está uma boa ideia para uma pesquisa que o ministério da cultura poderia patrocinar. Ou mesmo a capitania dos portos, quem sabe?”
“Mas, mestre, isso seria uma gastação desnecessária de dinheiro público, não? Nem pense nisso: eu perguntei apenas por perguntar!”
“Agora é tarde para se arrepender, loirinha! Vai ter de ter pesquisa, sim. Ou então não fique colocando minhoca na cabeça de seus professores!”
“Credo, professor!”
Depois as aulas da tarde foram suspensas para que tanto professores e alunos participassem da marcha da pamonha. Porque todos ali só queriam fumar pamonha da boa, sem mistura de orégano, raiz de árvore, chá verde, mijo e bosta de cavalo caramelo... enfim, uma diversidade de substâncias nocivas à saúde.
Mas é assim mesmo que marcha, que caminha a diversidade, a universidade, a humanidade.