O SULTÃO
No dia que antecedeu o natal, encontrei o Dr. Leopoldo, triste, macambúzio, numa mesa de bar, bebendo cerveja. Como somos amigos, aproximei-me, fui convidado a sentar e a tomar um copo. Devido ser abstêmio, pedi ao garçom que me trouxesse um refrigerante.
Perguntei ao doutor, o motivo daquela tristeza, tendo ele respondido que às vésperas do natal e ano-novo, a melancolia lhe invade.
- Sabe meu amigo, eu fico lembrando da minha prole, das minhas quase 2.000 mulheres e me vejo sozinho, não recebo nem mesmo um cartão de boas festas, então fico triste, encho a cara e vou dormir.
- Espere um pouco doutor, o senhor disse 2.000 mulheres?
- Sim senhor, tive duas mil ou mais mulheres, meu caro.
- Mas o senhor deve ter cinqüenta anos, com a vida ativa sexual começando aos quinze anos, sobram 35 anos, alcançando a casa de 60 mulheres por ano ou cinco por mês. É um recorde!
- É, foram muitas e tenho ótimas lembranças de algumas.
- É inacreditável, doutor, duas mil mulheres, algumas devem ter deixado boas marcas.
- Sem dúvida rapaz, tenho ótimas recordações, foi o que restou.
- Fale de algumas delas doutor.
- Deixe-me lembrar – Ah! Relembro com saudades da Marcinha, uma baixinha loura de pernas grossas, tinha o rosto de boneca, muito linda, transamos uma vez em cima de uma lápide de mármore preto no cemitério. Foi uma loucura.
- Nossa Senhora! -No cemitério?
- Sim, no cemitério, mais ou menos meia noite – disse o doutor Leopoldo.
- Continue doutor, tem mais?
- Lembro-me com ternura da Helena, uma loura de cabelos longos, reluzentes olhos azuis, transamos na fazenda do pai dela, nas férias de julho, em cima de um cavalo negro. Era a fantasia dela, ela adorou e sempre que nos encontramos ela relembra este fato.
- Que loucura, doutor.
- Ela tinha uma irmã mais nova, linda, linda, uma gracinha, que vivia me dando bola.
- Ainda estávamos na fazenda, quando numa tarde, encontrei-me com ela perto do curral. A garota estava muito provocante com um shortinho verde, bem curtinho, quando vi aquelas coxas grossas, não agüentei. Sem dizer nenhuma palavra, deitei-a no chão do curral mesmo, e, ali transamos. Quando acabou tivemos que ir ao rio tomar banho, pois o cheiro denunciava.
- Meu Deus!
- Pois é, rapaz, tenho muita história para contar.
- No baile de carnaval, conheci uma loirinha linda, ela estava vestida de havaiana, e aproximei-me, começamos a conversar. Durante a noite toda não nos desgrudamos.
Quando o baile acabou fomos para a casa dela, não havia um só lugar isolado e transamos em cima da mesa da cozinha, cheia de verduras. Foi ótimo.
- Doutor, que coisa!
- Quando casei pela terceira vez, fui passar a lua de mel em Buenos Aires. Passeando pela cidade, passamos pelo suntuoso prédio do jornal “O Clarim”, a minha mulher então me disse que tinha a fantasia de transar num elevador de um edifício famoso. Não titubeei, entramos no antigo elevador e transamos numa boa.
- Não me diga doutor!
- Sabe rapaz, tive uma namorada que tinha uma fantasia muito estranha, e tive que usar muita imaginação para atender essa garota.
- Conte doutor, estou curioso.
- Pois é, meu amigo. Essa menina chamava-se Isabel, e sua fantasia era transar dentro de uma ambulância em movimento. Ela para me motivar dizia que me faria ouvir os sinos baterem se transássemos na ambulância.
- Para resolver o problema, combinei com o motorista da ambulância de um hospital, dei para ele uma grana, e ele saiu com o carro como se fosse atender uma emergência, isso ás 22 horas.
- Entramos na ambulância e o amigo ligou a sirene pelo centro da cidade durante um bom tempo, até a fantasia da menina ser realizada.
- Para ela foi muito bom, conforme me confessou, quanto a mim, não consegui me concentrar, foi mais ou menos.
Nesse momento, passou um rapaz de uns 20 anos, musculoso, tipo Pit Bull, de camiseta e carregando uma mochila pendurada no ombro, parou a poucos metros e lançou um olhar de esguelha ao doutor.
O doutor notando a presença do garotão despediu-se e foi em direção do rapaz, saíram tranquilamente.
No ar ficaram alguns corações entrelaçados.