UM MITO AZARENTO
Estava na cara!
Todo o seu governo foi recheado de azar.
Lembro, no começo, quando ele foi ao Estádio Nacional
Mané Garrincha, em Brasília,
junto com o seu ministro, Moro, mas somente para se amostrar.
Ambos vestiram a camisa do Flamengo e, como esperavam,
foram aplaudidos freneticamente pela torcida:
mistura de fanatismo com simpatia, antipatia e ingrisia.
No final, numa boa, ganhou o CSA de Alagoas.
Uma noite de azar
e uma sequência de outros azares para o Flamengo,
coisa que ninguém esperava,
numa fase de vacas magras que ali se iniciava.
Não demorou muito, veio a pandemia do Covid-19.
Deu o azar de a vacina demorar a chegar.
Mas o urubu parece ter ficado lá em Brasília, a sobrevoar
o Alvorada e os telhados e quintais dos hospitais
vinculados à Esplanada.
O governo do "mito", zerado de conhecimento,
todavia azarento como se viu,
empurra a Cloroquina para todo o SUS
(Sistema Único de Saúde) do Brasil.
Muitos acreditaram na cloroquina
porque foi o Exército que fabricou,
porque foi o "mito" quem recomendou.
Nos diagnósticos, azar de quem a tomou, ou se suicidou.
Vacina contra Covid recusada pelo "mito"
simplesmente, ou ideologicamente, porque vinha da China.
Nada a fazer. Morrer, então, era a nossa sina.
Assistimos com impaciência à política desqualificar a ciência.
Muitos mortos por conta dessa indecência, ou ignomínia.
Naquele ano, muitas falcatruas e coisas erradas
passando por baixo do pano.
O mesmo que abrir a porteira pra passar toda uma boiada.
Foi tanta coisa ruim, mas tão ruim,
que até relembrar pode nos dar repugnância.
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Aí, para completar o nosso azar,
neste abril, no último final de semana, de onze a treze do mês,
aquele mesmo "presidente", hoje ex,
passou em nossa cidade nordestina, João Pessoa,
acho pra nos pedir perdão
pela cloroquina e por tantas outras humilhações, talvez!
Pedir perdão é coisa de gente sensível,
nunca de um ser qualquer, desprezível.
Então, ainda com seu jeito de tufão e de ex capitão,
tentando se resignar e se popularizar,
no domingo foi ao nosso Estádio (Almeidão)
ver o nosso "Belo" (apelido do Botafogo local)
jogar na certeza de ganhar a partida final
do campeonato paraibano, disputada todo ano.
O "Belo" precisava de um gol,
s-o-m-e-n-t-e u-m g-o-l para comemorar...
Ufa!!...
O "mito" veste a camisa do nosso time,
até meio desconfiado, pois não tinha Moro ao seu lado.
Não é que, mesmo sem o Moro, novamente deu azar!!...
Os botafoguenses viram o time sertanejo de Souza
driblar, dominar e, no final, comemorar o placar.
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Acabou, antes de começar, o show, que estava previsto.
Ninguém mais gritava "mito", "mito"...
Como todos os "mitos", desapareceu sem ninguém notar
e - pasmem! - antes de o juiz dar o seu último apito.
Sorrateiramente descamisado, partiu.
Ninguém mais o viu.
Que bom!...
Que fique bem longe do Brasil essa desgraça!
Senão, com tanto azar acumulado, vamos ver por aqui
- já, já -
tsunamis, vulcões, tufões,
tornados, terremotos, maremotos
e, por onde ele passar, cercado de motos,
inúmeros pedidos de "recontagem de votos"
feitos pelos candidatos a prefeito,
que acham que ainda não pegaram o seu azar.
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Da próxima vez que ele vier aqui, se vier,
e se continuar esse mistério,
de que a Terra é plana e a bola tem que ser quadrada,
vamos reservar pra ele uma vaguinha,
dentro das quatro linhas
de um quartinho escuro de uma embaixada
que o diabo tem guardado lá nos confins do cemitério.