BICHO DE PÉ, UM MAL EMOCIONAL.

BICHO DE PÉ, UM MAL EMOCIONAL.

(Antonio Brás Constante)

“De médico e de louco todos nós temos um pouco”, já dizia uma antiga frase popular. Porém, geralmente preferimos (sabiamente) procurar quem tem bastante conhecimento sobre estas especialidades (loucura e sanidade), ao invés de ficarmos nos tratando sozinhos, amparados em nosso pouquíssimo conhecimento no assunto.

Entre os diversos ramos da medicina, um que se destaca por tentar curar um mal invisível que aparentemente não é encontrado fisicamente em nosso corpo, pois fica enterrado nas sombrias alas de nossas mentes, é a psicologia e seus assemelhados.

A psicologia é algo realmente incrível, pois consegue “entrar” na cabeça de alguém (sem necessariamente ter entrado lá), desvendando seus mistérios, elucidando suas dúvidas, melhorando sua forma de viver. Tudo isto por um preço tabelado e feito em doses temporais chamadas de consultas, algumas vezes por semana.

Estes profissionais conseguem promover verdadeiros milagres em nossas mentes. Poderíamos supor que, caso pudessem se comunicar com um bicho-de-pé, por exemplo, fatalmente acabariam convencendo-o a largar do pé das pessoas, fazendo com que assumisse uma nova postura. Quem sabe até tornando-se vegetariano, trocando o pé humano por um pé-de-couve ou por um pé-de-alface.

Pode parecer bobagem, mas existe uma possibilidade mínima de que no passado o bicho-de-pé fosse apenas um bichinho qualquer, sem maiores vínculos com o ser humano, e que talvez de tanto pisarmos nele (literalmente falando), tenha se estressado e resolvido começar a pegar no nosso pé, passando a morar nele.

Os psicólogos conseguem nos explicar o inexplicável. Valendo-se do silêncio, de perguntas simples, ou de frases vagas. Se quisessem, poderiam ilustrar a origem da vida utilizando uma toalha de crochê como modelo.

Se pensarmos bem, a origem da vida realmente poderia se traduzir em uma toalha de crochê, pois olhamos para ela sem entender como foi feita daquela forma (ao menos eu não entendo), ou pelo simples fato de se criar algo que parece ser extremamente complexo a partir de uma linha e uma pequena agulha que mais parece uma miniatura de arpão.

Talvez se mais e mais pessoas começassem a fazer crochê, conseguiríamos finalmente descobrir porque o mundo é assim, ou ao menos teríamos pessoas mais calmas, já que o crochê também é uma ótima terapia, e com isto acabaríamos causando o desemprego de inúmeros terapeutas (primos dos psicólogos), que se arrependeriam de ter um dia deixado seus parentes tentarem explicar a origem da vida através daquela forma de artesanato.

Eles passariam então a tentar proibir o crochê, insinuando que aquilo seria coisa do demônio (sabendo que as pessoas levam muito a sério estes apelos religiosos), e que poderiam explicar melhor a tal teoria em sessões de terapia pagas (mas com descontos enlouquecedores), ou poderiam eles mesmos começar a fazer crochê e assim ficaria tudo bem.

Enfim o mundo é um lugar estranho, que merece uma analise profunda. Coberto de pessoas estranhas, vivendo vidas estranhas e lendo coisas estranhas. Um lugar ideal para existência desses estranhos e maravilhosos profissionais que exercem a psicologia, psiquiatria, terapia e tantas outras “ias” mais.

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 05/01/2008
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