Laços de família
E um dia se juntou Marcão, o marxista,
com a formosa Ana, a anarquista.
E geraram:
Capitu, a capitalista,
Lobão, o lobista,
Socorro, a socorrista,
Cornélio, o corneteiro
e Pedro, o pedreiro.
Capitu trabalha na Bolsa, enriquece.
Lobão convence políticos com suas teses,
e o povo empobrece.
Socorro socorre feridos nas estradas,
Cornélio acorda os soldados na alvorada,
e Pedro constrói moradas.
Ele arranjou uma namorada:
Clarice, a clarinetista, se sai bem como artista
na Sinfônica, amiga que é de Mônica;
a harpista é mulher de Antenor, o antenista.
Que antes, sem sucesso, tentou ser tenista.
Acertou uma bola na minha testa e,
é por aquela e por esta
que bagunçou os meus versos
e me chamam de Pateta, o poeta.
Muito prazer,
sou filho de Carmela e neto de Anacleta.
Minha mãe era carmelita,
e um dia, numa romaria, conheceu Jesuíno, o jesuíta.
Se apaixonaram, o hábito abandonaram,
principalmente o da castidade,
vieram para a cidade
e abriram um motel
a que chamaram Um Cantinho do Céu.
Mas que logo faliu,
também vá escolher nome ruim assim pra motel
lá na ponte que partiu.