O DISTRAÍDO
Pra ele contar as historia de um safári
Juntaram-se amigos na casa do Barão,
Uma aventura na savana do Kalahari
Onde ele foi sozinho para caçar leão.
Na sala de troféus o povo todo reunido
Entre drinques e gostosa carne assada,
Barão falando alto para ser bem ouvido
Vai contando a história da sua caçada.
Amigos, eu ia caminhando na savana,
E levava o rifle já pronto e destravado.
O que eu não sabia é que na cabana,
Eu deixei o rifle que estava carregado.
Na verdade eu tinha dispensado o guia
Ficou com raiva quis dar uma de xerife,
Era direito meu eu falei que não queria
Eu acho que ele tirou as balas do rifle.
Na hora de sair não olhei... Foi uma falha
Sendo eu amigos, um caçador experiente,
Não perceber que o cara era um canalha
E do tipo de canalhas que matam a gente.
Não sabia que a arma tava sem munição
Eu estava com o meu parabelo na cintura,
Vocês sabem revolverzinho não mata leão,
Mas parabelo... Derruba qualquer criatura.
Vinte metros à frente eu vi a moita de capim
Desconfiei: capim alto sempre tem uma fera.
Do meu lado esquerdo tinha um baobá mirim
Pode ser a salvação se tiver bicho na espera.
Na selva tem-se que andar muito prevenido
Macaco velho não mete mão em cumbuca,
Neste dia fosse outro qualquer tinha morrido
Porque rifle sem bala, gente é uma arapuca.
Quando eu vi o leão saltou a moita de capim
Ergui o rifle puxei o gatilho fiquei até amarelo,
Ouvi o trec, a fera já tava em cima de mim,
Ele saltou, desviei e tentei puxar o parabelo.
O pulo que ele deu voou mais de dez metros
Eu no rolar perdi a arma no meio do capinzal,
Sem pavor em segundos coordenei os eletros
Saí correndo me meti pelo meio do matagal.
O problema é que a sorte tava é contra mim
Quando o leão pulou eu desviei do danado,
Ele cortou meu caminho para o baobá mirim
O jeito foi eu levantar e correr pro outro lado.
Gente o bicho corre mesmo corre pra dedeu
Eu desviava sentindo uma agonia profunda,
Ele atrás de mim... Pensei agora vou pro céu,
Senti o bafo dele soprando na minha bunda.
Os amigos riram e o Barão falou chateado
É cambada queria ver rir é se tivesse junto.
Tinha valeta na trilha eu pulei pro outro lado
Ele pulou também eu gritei, vou virar defunto.
Aí resolvi, e já gritei eu vou correr mais não,
Quando ele caiu eu pulei na sua cacunda,
Ele saiu desembestado eu agarrado no leão
Saímos rolando e o trem virou uma marafunda.
Eu truvei as pernas na barriga do bicharoco,
Puxei minha lapiana que não ando sem ela,
A mão esquerda na sua goela fazia o sufoco.
A direita ia metendo a faca na sua costela.
Gente não é gabar, mas era briga de titan,
Ele urrava brabo eu urrava muito mais grosso
Eu acho que eu tava parecendo com o Tarzan,
A faca trabalhando chegava a cortar o osso.
Mais quanto mais eu lhe espetava a lapiana,
É que ficava maior aquele terrível pesadelo,
Eu ia cair, meti o dente na juba do safardana.
Mordi e fiquei com a boca cheia de cabelo.
Tocou telefone e o Barão parou para atender
Era um amigo falando das morenas do Havaí,
Compadre que saudades vontade de te ver,
Estou no meio da mulherada, venha pra aqui.
Pois é meu amigo, disse o famigerado Barão
Você sabe que eu não trato mulheres a esmo,
Gosto de ser carinhoso dou um trato na paixão
Eu beijo tudo, e chegando lá eu lambo mesmo.
Trocaram figurinhas por mais de meia hora.
Falando da sacanagem com as havaianas,
Ai o Barão falou: desculpe vou desligar agora
Estou com amigos, uma cambada de sacanas.
Voltou para sala pegou um uísque com gelo
E disse, onde que estava? Perdi a rebordosa.
A turma gritou, com a boca cheia de cabelo,
E o Barão, pois é gente a morena era gostoooooooosa.
O leão? Eu sei lá, tinha leão na história?
Fuiiiiiiiiiiiiiii.
Trovador.