Flato consumado...?
Zezé, que mamãe é, vai logo advertindo que, diferentemente de papai, não é de caçoadas, das respostas instantâneas e demolidoras. E com efeito, em razão de uma infância como filha única e, prematuramente, órfã, agravada por uma deficiência auditiva de tenra idade, mamãe aprendeu a ser profunda observadora e analista de caras, corações e bocas que bem definem a linguagem corporal.
Mas seria inacurado dizer que a ausência do riso fácil seja falta de humor, bem ao contrário, fá-lo mais refinado. E assim é bom ouvi-la de perto, e do lado direito, para se deleitar com as suas judiciosas observações, da criação de filhos à astronomia.... além de uma certa ojeriza ao perdulário Governo de JK ...
E o causo que passo a relatar aqui, que dela ouvi, é mais prosaico: dos seus muitos e diversos talentosos tios maternos, Leopoldo foi possivelmente o mais irrequieto e empreendedor, passando por um rosário de atividades profissionais até se firmar na produção de doces. Entretanto, quando bem jovem aprendiz de sapateiro, fez também suas incursões no mundo fabuloso da química e num de seus mais memoráveis experimentos - não vá, leitor, fazer isso em casa sem pelo menos um extintor de incêndio ao alcance... - tio Leopoldo valia-se de uma lamparina, acesa, naturalmente, para demonstrar que a chama podia alcançar a potência de um maçarico quando propulsada por um simples acesso - ou excesso...? - de flatulência...