EPIGRAMA AO ENTRUDO
Rei Momo está quase a chegar,
Está-lhe no sangue o Carnaval,
Quer marchar co´ as Matrafonas
E ficar por cá, bem ou mal…
Matrafonas há-as, mais de mil,
Por essas esquinas sem fim
Com um corpo pouco viril
E uma alminha de serafim…
Rei Momo quer mais, muito mais,
E não gosta de se repetir,
Quer que lhe prestem vassalagem
E, já agora, de se divertir…
Mas… uma tem atravessada,
Quase nem chega a aquecer,
Receia o ENTRUDO na estrada
E tudo o que ele possa trazer…
Pensa já nos amigos “caretos”
Que têm o hábito d´ alinhar,
Mas não se contentam c´ os gravetos
Que o Rei da festa lhes quer pagar…
- Quanto quereis amigos leais
Pela vossa colaboração?
Chegam estes milhõezitos ou mais?
- Deite cá tudo o que tem à mão!
- Ai estes tão reles serviçais,
Dizem umas coisas, e fazem outras;
Queremos mais altos arraiais
Com novas máscaras e montras!
Ao menos os Entrudos, um a um,
São os verdadeiros Foliões:
Mesmo que à seca ou em jejum
Nunca falham nas intenções!
Frassino Machado
In ODIRONIAS