Aniversário
Hoje, mais uma primavera de janeiro te saúda, feliz aniversário! E eu nem mais para observar a hipocrisia dos retratos adversários
Pensei bem no que deveria te dar, neste dia
Não sei o que está à altura da tua ironia
Eu vou armar uma festa
Terás até vela
Depois baixinho chorar
Trancada na minha cela, irei cantar
Cantarolarei como uma espanhola:
“Sapo verde es tú!”
O que te darei de presente?
Pergunto-me clemente
Vou cuspir no bolo e comer no mesmo prato
A ti prepararei um conchavo?
Amargar-me por tua indiferença não é mais possível
Ela já se tornou digerível
Desde a infância, tua frieza capricorniana me convive:
mais de uma década – inacreditável!
Não há nada insuportável!
Por tua ausência o salgado ficará azedo
O brigadeiro terá gosto de desprezo
A despeito de que meu amor por ti é inevitável
A minha espera por tua afeição é incansável
Tantos anos se passaram e me veio à realidade
Não nos conhecemos de verdade
Mas o laço sanguíneo é inalienável
Herança inviolável
Aguardo o dia de uma percepção legítima
De uma conversa amiga
Imagino que estarás tocando Chopin em teu piano
A valsa Brilhante nos prestigiando
Ah... Toma! Pega de uma vez o teu presente:
Este aglomerado de versos inconseqüentes!
Cantarolarei como uma espanhola:
“Sapo verde es tú!”