Sexo – uma questão de diálogo

Ritinha bateu na porta da professorinha da escola de ensino fundamental onde estudava:

─ Oi Ritinha, pois não?

─ Oi fessora. Pode me ajudar? O que é sexo?

A professorinha surpreendeu-se, desconcertou-se. Não era bem uma pergunta que esperasse de uma menininha de oito anos. Nunca escutara antes tal pergunta entre os pequenos para os quais dava aulas. Um tanto atrapalhada, sem saber como responder, encontrou uma escapatória:

─ Ritinha, vamos até a sala da diretora, acho que ela vai saber explicar melhor.

Bateram na porta da diretora, ela mandou-as entrar.

─ Pois não professora Joana, pois não Ritinha! Em que posso ajudá-las?

Foi a professora Joana quem respondeu:

─ Professora Maria Eduarda, a Ritinha tem uma pergunta que talvez a senhora possa ajudar a responder.

A diretora estanhou, mas percebendo a expressão de constrangimento no rosto de Joana, resolver conversar diretamente com a menina. Olhou-a, Ritinha conservava o semblante inocente de uma criança de oito anos, os olhos brilhantes por perceber que fizera uma pergunta importante.

─ O que foi, Ritinha?

─ Professora, o que é sexo?

Foi a vez da professora Maria Eduarda desconcertar-se. Ela também nunca lidara antes com aquela pergunta, vinda de crianças de oito anos. Olhou para a professora Joana, ela levantou os ombros, exibiu as palmas das duas mãos abertas, franziu o cenho, todo seu corpo expressava espanto e hesitação. A diretora refletiu um pouco, e olhando para Joana, com a voz revelando algum titubeio falou:

─ Que bom que fez essa pergunta, Ritinha. Ela é muito importante. Mas pra que a resposta seja a mais acertada possível, vou pedir pra seu pai vir à escola amanhã. Nós três juntos saberemos explicar melhor.

Em casa, naquela noite, Ritinha perguntou ao irmão Juquinha, de seis anos, se ele sabia a resposta à pergunta. Ele disse que não tinha certeza se já tinha escutado aquela palavra. Mas que talvez fosse um tipo de música, ou de um instrumento, ou de uma dança de adultos.

No dia seguinte, após as aulas, reuniram-se na sala da diretora Maria Eduarda, Joana, Ritinha e o Seu Alfredo, pai da menina. Foi a diretora que iniciou a conversa:

─ Seu Alfredo, ontem a Ritinha fez uma pergunta que é melhor que procuremos a resposta juntos. Pode repetir a pergunta, Ritinha?

─ Posso sim. O que é sexo?

As duas professoras olhavam fixamente o pai, mas ele pareceu tão surpreso quanto elas. Depois de encarar a filha, ele olhou para as duas professoras, como que a procura de ajuda para responder a questão. As professoras emudeceram. O pai então falou:

─ Acho melhor fazermos o seguinte: Ritinha, mamãe e eu vamos conversar com você a respeito, lá em casa. Pode ser assim? Pode ser, professoras?

Elas entreolharam-se, em seguida a diretora olhou fixa e seriamente para o pai e falou:

─ Conversem sobre isso sem falta. Amanhã conversaremos com o senhor e sua esposa a respeito.

Em casa, assim que chegaram, o pai convocou a mãe para sentarem-se em torno de uma mesa e conversarem a respeito. O pai explicou por que fora chamado à escola, a mãe escutou atentamente. Ao final das explicações, a mãe pergunta a Ritinha:

─ Meu bem, pra que você precisa saber o que é sexo?

─ Mamãe, o Toninho, do sexto ano, convidou-me pra fazer parte do clube de leitura na biblioteca da escola. Ele disse que é bem divertido. Quando eu disse que sim, ele me deu um papel com perguntas pra responder. Nome, cidade onde nasci, nome dos pais, endereço, idade, sexo...

Adaptação de estória escutada há mais de 50 anos, de autoria desconhecida,.