Os FiLhOs e as fRuTaS (um romance ecoinsustentável)

Todos respeitaram quando ele resolveu namorar uma antiga árvore dentro de um sítio que era herança da própria família.

O pai dele avisou:

— “Eu sempre respeitei a escolha sexual de qualquer dos meus filhos ou filhas. E jamais alguém vai poder me acusar de ‘arboreofóbico’. Eu apenas expliquei a ele que namorar ‘alguém’ que fosse assim tão mais velha do que ele poderia gerar incompatibilidade de genes. Mas também aconselhei que ele ouvisse seu coração e decidisse o que era melhor para si próprio porque inclusive aquela árvore era de boa família. ”

E os meses se passaram com todos daquela família respeitando os encontros íntimos do jovem no quintal, que sempre ocorriam pela noite... na penumbra.

A árvore finalmente chegou na safra, rica de frutos como sempre.

O jovem começou uma narrativa de que todos aqueles frutos eram seus filhos.

O problema foi que a vizinhança deles era muito carente, sempre esperando a safra de cada ano para invadirem a propriedade sem que fossem impedidos, por uma simples questão de caridade alimentar. E muitas frutas foram devoradas sem hesitação, consumidas pelas pessoas famintas do lugar.

O rapaz não teve dúvida: derrubou a árvore com um machado e se suicidou em seguida.

:::::::::::::::::::

Da coleção zezediozoniana: “Nem a mãe Natureza pode mais se manter pura”