A freirinha e o tarado
A freirinha chegou ofegante ao convento, já ao cair da noite. Entrou correndo, passou pelo portão de ferro e o jardim, com estrondo bateu a pesada porta de madeira atrás de si. Exausta, vergando-se nos joelhos, de costas apoiou-se contra a parede. Espantadas, as irmãs de monastério perguntavam ansiosas:
─ O que aconteceu? O que aconteceu Mariazinha?
─ Um tarado...
─ Um tarado? Conte! O que aconteceu?
─ Eu vinha voltando do armazém com as compras...
─ E então? E então?
─ Percebi que havia alguém me seguindo...
─ Seguindo? Era homem? Estava longe? Era bonito?
─ No começo não quis olhar pra trás pra ver quem era. Depois, percebendo que o vulto se aproximava, olhei.
─ Quem era? Quem era?
─ Era um homem, sim. Mas não tinha boa cara, não era bonito. Era feio e rude. E não estava bem vestido. E me encarava provocando, rindo...
─ E então? E então?
─ Apertei o passo, dobrei uma esquina pra ver se ele seguia reto. Me dei mal! Era um beco sem saída, e ele continuou atrás de mim.
─ Vixe, cruz credo! E aí, e aí?
─ Não tive pra onde ir, ele me cercou.
─ E então? E então?
─ Ele aproximou-se, encarou-me, e descaradamente falou:
─ Pode ir levantando o hábito, freirinha...
─ E você? E você?
─ Não sabia o que fazer. Então falei: já que é assim, pode ir abaixando as calças...
─ E aí? E aí?
─ Ora, quem vocês acham que corre mais? Um tarado com as calças abaixadas ou uma freirinha com o hábito levantado?
Piada familiar ouvida há mais de 50 anos, de autoria desconhecida.