“SÊMEN-TÉRIO” - (terror de quase 30 linhas)

Domenica Tatonia viveu no Século XIX e foi vítima de um marido assassino que a enterrou ainda viva num buraco bem próximo a um vulcão numa ilha perdida entre oceanos de mares gelados. Ele pensou que o veneno usado teria matado instantaneamente a esposa, que era uma condessa e cuja fortuna ele acabaria roubando depois de se declarar viúvo.

O assassino não sabia também que misteriosos gases subterrâneos inalados pela condessa dentro da cova improvisada conservariam o corpo em animação suspensa.

Ele já havia falecido quando o vulcão entrou em atividade e com isso o corpo de Domenica Tatonia reviveu. E ninguém jamais saberia que, saindo do meio de rachaduras rochosas e quentes, uma semimorta executaria um plano de vingança que atravessaria décadas.

Os moradores de ilhas vizinhas do complexo insular vulcânico foram percebendo uma estranha dificuldade de reprodução entre os casais jovens, o que trazia risco de extinção populacional por ser já uma tradição que naquele arquipélago havia um acordo de casarem-se entre si para manterem independência eterna das ilhas com relação ao Continente do qual eram dissidentes políticos.

Domenica Tatonia, em sua sobrevida como zumbi, nunca envelhecia e nem morria. Por isso, executava a vingança aparecendo de surpresa para inexperientes mancebos que se julgavam atletas de alcova traindo suas jovens noivas com aventuras improvisadas nas orgias que eram mantidas durante algum tempo antes de gerarem filhos formalmente.

Domenica Tatonia, durante a relação-relâmpago com cada homem jovem, inoculava uma substância ácida com seu próprio órgão genital que causaria uma matança da fertilidade de cada um. Não havia nem mesmo qualquer desejo sexual posterior que subsistisse depois do coito fatal, tal era o estrago que atingia cada mancebo após apenas uma rodada íntima com ela. Espermatozoides jamais seriam liberados outra vez no aparelho reprodutor de seus organismos. Tornavam-se então “zumbis de alcova”. As populações das ilhas diminuíam de década a década.

Isso ela se manteve fazendo até que um cataclismo de proporções gigantescas provocou a devastadora atividade final do vulcão em cujas vizinhanças ela se abrigava e teve finalmente seu corpo desintegrado.

Domenica Tatonia chegou ao final de sua semivida sem saber que jamais conseguiu prejudicar qualquer herdeiro do seu assassino, porque sem que ela soubesse ele tinha sido estéril e jamais teve descendência para quem deixasse a fortuna roubada... ou em quem ela pudesse ter se vingado.

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FIM

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