Quem porfia mata caça
Tem um ditado português, esse do título, que se vale de um verbo pouco utilizado por aqui.
Porfiar significa lutar, discutir, insistir, brigar por alguma coisa.
Ou seja, nunca desistir de seu intento, sua caça, seu objetivo.
José Saramago utilizou-o em seu livro O Homem Duplicado, que li faz algum tempo.
Mas dias atrás, lembrei-me dele ao ler uma notícia na internet que trazia outro ditado antigo, "Quem não tem cão caça com gato."
Que curiosamente (ou não, depende), era sobre política.
Explico: um candidato a prefeito de uma importante cidade nas próximas eleições não conseguia ter como vice um político desejado, porque este estava comprometido com outro político, de outro partido, também candidato à mesma prefeitura.
Então, para convencê-lo, estava lhe prometendo, digamos assim, mundos e fundos caso ele viesse a concorrer a vice na sua chapa.
A notícia era breve, não explicava quais "mundos e fundos" sugeridos pelo colunista político estavam em jogo no caso.
Nem precisava, porque conhecemos muito bem nossos políticos e o que eles fazem com o dinheiro do bilionário fundo partidário aprovado pelo Congresso recentemente.
Daí que concluí que nosso antigo ditado, "Quem não tem cão caça com gato.", quando aplicado em certas situações, precisa ser revisto.
Porque já faz algum tempo que no Brasil, na esfera política, quem não tem cão caça com gasto.
Com muito gasto.
Muito mesmo.