AMOR DE MÃE

O telefone tocou. Zuleica, que se encontrava em total desespero com os problemas diários, atendeu.

- Alô!

- Como vai, minha filha?

A moça respondeu aos prantos:

- Mamãe. Nunca tive um dia tão ruim na minha vida, tudo de errado aconteceu comigo.

- Mas o que aconteceu, minha filha?

- A senhora nem imagina, torci o pé logo de manhã cedo e mal consigo andar. A máquina de lavar estragou e eu não tenho uma única peça de roupa limpa. O bebê está chorando e eu ainda não consegui lhe dar comida. De mais a mais, tenho que limpar a casa e ainda fazer compras, pois vou preparar o jantar para dois casais de amigos que estão de passagem pela cidade.

A mãe, tentando acalmar a filha, aconselhou-a calmamente:

-Não se preocupe minha filha. Vou ligar para o técnico de nossa confiança. Ele estará aí em poucos minutos para consertar a máquina de lavar. E logo estarei aí e preparo uma comidinha para o bebê e depois o faço dormir. Farei também as compras para você, assim poderá descansar até que o seu pé melhore.

Continuou:

-Mais tarde farei a faxina, para que você possa receber seus convidados com a casa limpa e arrumada. Vou ainda levar algumas flores, são para enfeitar sua sala de jantar. E também vou pedir para seu pai liberar o Zé Carlos mais cedo, para que ele a ajude com o jantar.

- Zé Carlos? Mas quem é Zé Carlos, mamãe?

- O seu maridinho, minha filha. Com tanta tarefa, você já se esqueceu dele?

- Mas o nome do meu marido é Geraldo!

- Espere um pouco. Quem fala não é a Elvira?

- Não. É Zuleica.

- Desculpe querida, liguei para o número errado. Pensei que fosse da casa da minha filha Elvira. Peço-lhe perdão! Meu Deus! Que cabeça a minha!

Houve um silêncio momentâneo na linha, após o qual a mulher com os seus inúmeros problemas, ademais agora decepcionada, perguntou:

- Meu Deus! Quer dizer então que você não vem?

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 31/12/2007
Reeditado em 08/02/2008
Código do texto: T797667
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