VINGANÇA

Ronaldo José de Almeida

Juliano desde garoto foi apaixonado por Adriana, esta era uma bela garota, loura de olhos azuis, andava sempre bem vestida e chamava à atenção de todos pela sua beleza.

O tempo foi passando e o amor de Juliano aumentando, passaram a namorar com promessa de casamento.

O namoro foi levado entre brigas e discussões, sempre por causa do ciúme descomedido de Juliano. Não se deve desconsiderar o sorriso intrigante que Adriana dava quando alguém lhe fazia um galanteio, pomo maior das discórdias.

Mesmo com as constantes brigas e discussões Juliano e Adriana casaram-se. Na festa do casamento, devido a um abraço mais demorado que Alberto um grande amigo de Juliano deu na noiva, tal gesto originou uma enorme discussão que culminou com Adriana se trancando dentro do quarto e por pouco não haveria lua de mel.

O tempo foi passando e o casal já tinha um filho de cinco anos que era a alegria do lar, contrastando com continuadas brigas sempre por ciúme do marido.

Adriana trabalhava numa repartição pública, tinha um bom salário e praticamente passava o dia fora de casa, somente retornando ao cair da tarde.

Muitas vezes Adriana voltava para casa de carona o que deixava Juliano bastante nervoso ocasionando daí nova briga, além dos comentários maldosos de toda vizinhança.

Certo dia, Adriana chegou em casa num belo carro dirigido por um vistoso rapaz. Ao ser recebida por Juliano, totalmente sem jeito, apresentou o acompanhante como um colega de serviço, fato repudiado por Juliano em altos brados, chamando-a de sem vergonha e vagabunda.

Diante do escândalo o rapaz pôs-se em fuga, deixando a amiga ao deus-dará e a sanha vingativa de Juliano que passou a espancá-la sobre os olhares atônitos dos vizinhos.

Face ao acontecido, alinhado a outras agressões anteriormente sofridas, Adriana com o apoio do pai e demais familiares, expulsou Juliano de casa.

Alguns meses se passaram e tudo corria bem, Juliano às vezes ia visitar o filho, conversava amistosamente com Adriana sem brigas, enfim tudo corria às mil maravilhas.

Com o passar do tempo, Adriana arranjou um namorado, pessoa fina, político de uma cidade circunvizinha, bem financeiramente e que estava apaixonado, o mesmo acontecendo com a moça.

Com poucos dias de namoro o mancebo já estava dormindo na casa da bela Adriana, com direito a colocar o belo carro na garagem outrora ocupada pelo carro de Juliano.

Diante deste fato, a vizinhança se encontrava em polvorosa, as matronas não paravam de falar, revoltadas com Adriana.

-Você viu o namorado da Adriana?

-Vi menina, respondeu Tatiane - Bem mais velho do que ela, não é?

-Muito mais velho! Mas também com aquele carro.

Adriana era vista constantemente passeando de carro com o tal namorado, já tinha saído até na coluna social.

O comentário logo se espalhou pelo bairro, não demorando a chegar aos ouvidos de Juliano.

Ciente do que estava acontecendo Juliano queria se certificar, e para tanto escolheu uma mesa estrategicamente colocada no bar da esquina, de onde tinha visão privilegiada da casa de Adriana.

Lá pelas 6 horas o carrão parou na porta da casa, descendo Adriana e seu namorado, entraram em casa e não demorando mais que meia hora, saindo novamente.

Juliano de dentro do bar, a tudo assistiu, pediu mais uma cerveja serviu um copo a o seu colega e sem dizer uma só palavra continuou a beber.

Duas horas depois, novamente o carro com o casal passou pela porta do bar sob o olhar indignado de Juliano. Novamente estacionou na porta da sua ex-casa. Os namorados entraram em casa sorridentes, demonstrando muita alegria.

Depois de muito pensar e olhar distante, Juliano entrou em seu carro velho e partiu, porém não demorou muito e já estava de volta.

Estacionou o seu carro e desceu carregando uma lata do tamanho de um balde. Foi até o carrão do namorado de Adriana e derramou o líquido sobre a lataria do carro. Cobriu todo o veículo deste estranho líquido.

Em poucos minutos toda a pintura do carro estava corroída, estragada, totalmente horrível! Por outro lado o rosto de Juliano estampava uma enorme e radiante alegria. Em seguida virou-se para seu amigo e os vizinhos que observavam a tragédia e disse:

- Ele pode até tomar minha mulher, mas ficar passeando de carro novo com ela não vai mais.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 30/12/2007
Reeditado em 30/12/2007
Código do texto: T796726
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