MORENA FACEIRA

Ronaldo José de Almeida

Conegundes já quarentão, porém muito tímido morava próximo à casa de Antero, seu amigo, um gaúcho de boa cepa, onde nunca faltava uma xícara de mate para os amigos.

Antero era casado com Lourdinha, uma morena linda, de corpo maravilhoso e Conegundes há muito tempo estava de olho nela, mas não tinha coragem nem de conversar com a morena. Lourdinha por sua vez percebia os olhares do vizinho, mas muito faceira fingia desperceber; porém insinuava-se ante os olhares deste, aumentando os requebros dos quadris. Conegundes ficava louco quando via a morena passar, ela apenas sorria insinuante.

Certo dia Antero confidenciou ao amigo que iria fazer uma pequena viagem de negócios, coisa de dois dias. Conegundes lhe desejou uma boa viagem e anteviu a possibilidade de aproximar-se da moça. Passou a noite olhando pela greta da janela no intuito de ver o amigo partindo; fato consumado ao raiar do dia.

Assim que amanheceu, Conegundes arrumou-se todo, perfumou-se e foi à casa da morena com a desculpa esfarrapada de falar com Antero. Lourdinha o informou da viagem do marido, e o convidou para entrar. O rapaz aceitou o convite, entrou e ficou de pé na sala. Não estava acostumado a uma situação daquela. Lourdinha também permanecia calada olhando para o chão.

Permaneceram em silêncio.

Depois de uns cinco minutos, Conegundes se enche de coragem e resolve quebrar o gelo:

-Dona Lourdinha, o que a senhora acha: fazemos besteira ou tomamos um mate?

A morena assustou-se e envergonhada abaixou a cabeça.

-Bem, seu Conegundes - responde ela olhando para o chão - o senhor me pegou sem erva, não posso fazer o mate...

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 30/12/2007
Código do texto: T796718
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