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...noticiar que, numa caverna dum deserto do Oriente Médio, arqueólogos descobriram rolos de pergaminho da Idade do Ferro. O chefe da expedição, professor Paulo Bittencourt, tetracatedrático da Universidade de Tel Aviv, declarou, agora há pouco, que esses rolos dizem que o Universo foi criado há 6.000 anos por um ser invisível. Dizem ainda que os homens vêm dum tijolo que, de repente, saiu andando e as mulheres, duma costela desse tijolo. Segundo esses pergaminhos, a Humanidade descende das relações sexuais que os filhos e filhas do tijolo e da costela tiveram uns com os outros. Há relatos também de cobras e jumentas falantes, de seres invisíveis com asas nas costas, alguns empunhando espadas de fogo, de um barco com exemplares de todas as espécies animais do mundo, de uma coluna de fogo flutuante, de um homem que fez a Terra parar de girar, de um outro que botou fogo no rabo de 300 raposas, de ainda outro que deu de presente a um homem 200 prepúcios para poder se casar com a filha dele, de uma carruagem de fogo que desceu do céu para buscar um homem que tinha feito fogo cair do céu, de machados flutuantes, de três garotos que passearam ilesos dentro de uma fornalha, de um homem que passou três dias na barriga duma baleia, de um outro que andava sobre as águas e, com cinco pães e dois peixinhos, alimentava multidões, de mortos que voltaram a viver e de uma cidade em forma de cubo com mais de 2.000 km de altura feita de ouro e pedras preciosas.

Vamos, agora, ao vivo, a Israel, para falar com o tetracatedrático da Universidade de Tel Aviv.

— Boa noite, professor Paulo.

— Boa noite.

— Universo de 6.000 anos, seres invisíveis, tijolo e costela ambulantes, cobra falante… O que tudo isso significa?

— Bem, significa que, ao contrário do que até agora pensávamos, as pessoas na Idade do Ferro possuíam não só humor como até humor negro, e de altíssima qualidade! Quem ler as piadas desses pergaminhos vai achar sem graça os esquetes dos Monty Python. Ainda não sabemos precisar o que levava as pessoas a ter imaginação humorística tão fértil, mas tudo indica que, naquela época, era comum fumarem um baseado feito com um cogumelo alucinógeno natural daquela região.

— Muito obrigado, doutor Paulo.

— De nada. Fiquem com Zeus!

Voltaremos logo mais com mais informações sobre essa descoberta incrível.

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© Paulo Bitencourt

(Autor dos livros ‘Liberto da Religião’, ‘Perdendo Tempo Com Deus’ e ‘Com Zeus Não Se Brinca’)

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