Conjugação dos Verbos - mensagem do Barnabé Varejeira.

Bão dia, Cérjim, meu amigão do peito, do meu coração. Que Deus Nosso Siôr Jesus Cristo Menino tenha cuidado do cê desde a úrtima veiz que nos encotrâmo nós dois na casa do Rapapé, aquele desgramado de porquêra, aquele postêma de dois óio, perguiçoso, que só qué sabê de sombra e água fresca. Deus cuidô do cê, sei, pruque Ele sabe que o cê é ómi bão, de bão coração, apesar de argumas bestice que o cê faiz. E quem é que não faiz bestice?! Quem?! Que jogue a primêra preda quem nunca besticeirô arguma asneirice. O Rapapé é um desmazelado. E eu sôbe, e não digo da bôca de quem, que ele feiz uma das grande, daquelas de vexá o Tinhoso. Nada digo pruque não sô de fofocá mexerico. Dêxemo aquele ómi, que nada qué sabê da vida, e vâmo falá de coisa importante. E de que coisa importante vô falá, oje, Cérjim?! Dos meu estudo de Gramática da Língua Prutuguesa, em pircinpalmente as lição de cojungação dos verbo. Quero aprendê a cojungá os verbo pruquê, sabeno que o que é certo é certo, vô espaiá o que é certo, e o que é certo é certo, e não errado, né, não, Cérjim?! Intão, aprendo o que tenho de aprendê, pa dispois de aprendê o que tenho de aprendê ensiná o que aprendi pa quem não sabe o que têim de sabê que têim de aprendê o que não sabe. E veja que interessante, Cérjim: imsiste mais de trenzentos mil verbo, dos mais extravagante aos mais vagante. E quem me disse tal?! O Três-em-Um, o fiótinho do seu Careca, o da Caneca, e não o da Tigela, irmão mais novo dele. O Três-em-Um é moço estudado, dos que enfia os nariz nos livro, e lê as palavra. E inté em voz alta ele lê as palavra, veja o cê! Que menino sabido! Batuta! Um maestro. Moço fora-de-série! O seu Careca, o da Caneca, é um pai sortudo pa dedéu. Têim um fio bão. E ele, o Três-em-Um, falô pa eu que todo verbo têim suas cojungação, que são não me alembro quantas, e cabe a seis pessoa falá. Não concordei com tal assertiva, mas calei-me. Pa que criá celeuma?! Seis pessoa só que falá os verbo, se insiste mais de oito trilhão de pessoa no mundo?! Bobaje! Mas dêxa quieto. E sabe, Cérjim, o que se me assucedeu ônti?! Tava eu falano co Saúva de gramática e de verbo e de adejetivo e de subiinstantivo e de ôtras coisas quano entrô na conversa um tipo, mais gordo que nunca vi, que, sem sê chamado, disse-me pa mim, e po Saúva: "Pa andá tem de usá o verbo andá." E eu, enchido de fúria, afinár não tinha eu, e nem o Saúva, convidado aquele enxerido pa conversa, que ainda nem tinha chegado no chiquêro, respondi, assim, sem pensá duas veiz, na lata, tacano os dedo nos óio daquele mané: "Pa andá não uso verbo, não, seu besta! Uso as perna. E, se percisá, uso uma bengala!" Ele esbugaiô os dois óio que Deus lhe pôs na cara, e calô quieto. Bem feito pa ele; agora ele aprende a não metê os beiço onde não é chamado. Bestaião! Parece, inté, o Carrapicho, tipo mais besta que Deus me livre! Agora, vâmo dexá de lenga-lenga, de lero-lero, e vâmo que vâmo falá de Gramática, a da Língua Prutuguesa, pruque a da Espanióla, e a da Francesa, e a da Japonesa, não me fui apresentado. Óia, Cérjim, o tróço é um pôco compricado, fique sabêno. Não pense que é farci, pruque num é. Esige dedicação e atenção, muinta, muinta. Mas vale o esforço. Despois de uns dia quarqué ómi aprende o que têim de aprendé; e as muié tanmém; o negócio não é tão dirfíci que elas não consiga enfiá dentro da cabeça. O primêro verbo, Cérjim, que aprendi a cojungá, foi o verbo oiar. E pruque este verbo, e não ôtro, se há tantos, e tantos, que enche dois bandejão de feijoada?! Pruquê todo mundo que não é desprovido de oio óia; se óia, têim de sabê cojungá o verbo oiar pa podê oiá bêim. Intão, Cérjim, sem mais delonga, vô pubricá, aqui, po cê podê lê, a tabela cas cojungação do verbo oiar. Adispois, nôtro dia, mando po cê uma tabela ca cojungação de ôtro verbo, tarveiz o ovir, tarveiz o mentir, tarveiz o falar, tarveiz o respirar, tarveiz o embruiar, tarveiz o deprasfusar, tarveiz o teofonar.

Intão, Cérjim, aí vai a tabela cas cojungação do verbo oiar. Prestenção, e guarde na memóia.

.

Verbo oiar cojungado.

Idincativo: Presente.

Eu óio.

Tu óia.

Ele óia.

Nóis óia.

Vós óia.

Eles óia.

.

Idincativo: Pertéito Ipemferto.

Eu oiava.

Tu oiava.

Ele oiava.

Nóis oiava.

Vós oiava.

Eles oiava.

.

Idincativo: Pertéito Pemferto.

Eu oiei.

Tu oiou.

Ele oiou.

Nóis oiou.

Vós oiou.

Eles oiou.

.

Idincativo: Pertéito Mais-que-pemferto.

Eu oiara.

Tu oiara.

Ele oiara.

Nóis oiara.

Vós oiara.

Eles oiara.

.

Idincativo: Futuro do Presente.

Eu oiaiei.

Tu oiaiá.

Ele oiaiá.

Nóis oiaiá.

Vós oiaiá.

Eles oiaiá.

.

Idincativo: Futuro do Pertéito.

Eu oiáia.

Tu oiáia.

Ele oiáia.

Nóis oiáia.

Vós oiáia.

Eles oiáia.

.

Sujunbijutivo: Presente.

Que eu óie.

Que tu óie.

Que ele óie.

Que nóis óie.

Que vós óie.

Que eles óie.

.

Sujunbijutivo: Pertéito Ipemferto.

Se eu oiásse.

Se tu oiásse.

Se ele oiásse.

Se nóis oiásse.

Se vós oiásse.

Se eles oiásse.

.

Sujunbijutivo: Futuro.

Quando eu oiar.

Quando tu oiar.

Quando ele oiar.

Quando nóis oiar.

Quando vós oiar.

Quando eles oiar.

.

Imperativo Afirmativo.

Neste caso inspecial, eu não óio.

Óia tu.

Óia ocê.

Óia nóis.

Óia vós.

Óia ocêis.

.

Imperativo Negativo.

Neste caso inspecial, eu não óio que eu não óio.

Não óie tu.

Não óie ocê.

Não óie nóis.

Não óie vós.

Não óie ocêis.

.

Ifimnitivo Pessoal.

Por oiar eu.

Por oiar tu.

Por oiar ele.

Por oiar nóis.

Por oiar vós.

Por oiar eles.

.

Vem inté aqui a tabela do verbo oiar cojungado pruque só cheguei até aqui. Mas têim mais, Cérjim, mas eu ainda não enfiei na cabeça a cojungação de todo: é muinta coisa pa í de uma veiz só. Vâmo por parte. Nôtro dia, Cérjim, se eu não se esquecê, e se eu se esquecê o cê se alembra de mim, mando po cê ôtras tabela ca cojungação de um e ôtro verbo. Que Deus Nosso Siôr Jesus Menino te apotreja. Inté.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 22/09/2023
Código do texto: T7891403
Classificação de conteúdo: seguro