Chocólatra
A indústria chocolateira
Aos poucos está falindo
Por minha culpa, confesso
Não estou mais consumindo
Pois o pico da glicose
Pouco a pouco está subindo
O médico me proibiu
De comer qualquer doçura
Cortou de cara o chocolate
Pelo qual tenho fissura
Estou fazendo esforço
Mas tô beirando à loucura
Nesta abstinência maldita
As paredes estou roendo
A situação ficou ridícula
Comi as unhas dos dedos
Só me sobraram as cutículas
É um vício doentio
Este tal de chocolate
Vai me abrindo um vazio
Uma carência que abate
Quando o desejo me agarra
De um bombom ou de uma barra
Escrevendo estes versos
Sinto o cheiro e vejo a cor
Do bendito chocolate
Que me perdoe o doutor
Mas acho que não consigo
Cumprir com este disparate
Não quero morrer culpada
De trair a irmandade
Chocólatra por vocação
Porque pra mim é maldade
Acabar com a produção
De uma inocente barrinha
Que nos trás felicidade
Entre a cruz e a espada
Tenho agora que escolher
Viver uma vida doce
Ou morte amarga morrer