Sabor do quê?
Tempos atrás fiz aqui mesmo alguns comentários sobre um livro bastante interessante, O Imperador do Olfato, de Chandler Burr, que a certa altura traz a seguinte informação: “Para um perfumista, não existe cheiro ruim. Todos os grandes perfumes franceses, sem exceção, têm algum ingrediente que é repulsivo, como o almíscar do gato-de-algália [também conhecido como gato-almiscarado], um extrato medonho, de uma intensidade selvagem, tirado do ânus de um gato chinês.” Pois é...
Hoje, 23/08/2023, leio na FSP, na coluna Agrofolha, mas já havia visto uma reportagem no Globo Rural anos atrás, sobre um café especial, Jacu Bird Coffee, produzido no Espírito Santo. A manchete: "Café mais exótico do Brasil é catado de fezes de ave e custa R$ 1.180 o quilo"; depois o colunista da Folha continua: "Processo gera bebida com sabor diferente, mas não necessariamente superior, diz pesquisa". Ele informa ainda que o jacu se alimenta dos frutos doces e maduros dos cafezais capixabas, depois digere e defeca os grãos inteiros que são recolhidos manualmente e processados.
O perfume francês e o café brasileiro (que é exportado para diversos países ricos) só podem ser adquiridos por gente com muito dinheiro; milionários têm gostos extravagantes e consomem o que bem entenderem sem qualquer preocupação com os preços. Para nós, resta o sabor de poder rimar jacu com... você sabe bem o quê.