FORA DE CONTEXTO
O idiota do deputado federal Magno Malta, que por motivos estranhos das leis brasileiras não está preso pelos crimes que cometeu, cobrou na tribuna a seguinte questão:
_____ E quem defenderá o macaco ?
O contexto onde proferiu a pergunta era a condenação geral pelos atos e protestos racista contra o jogador Vinicius Junior.
Como ninguém compreendeu ele explicou que era uma "piadinha". Fácil condenar os atos racistas chamando o jogador de "macaco". Mas a preocupação do imbecil e criminoso parlamentat era: " quem defenderá o macaco ante a comparação com Vini Jr.?"
_____ Vocês entenderam tudo fora do contexto... foi uma brincadeirinha. - E completou com a velha desculpa dos racistas - "eu mesmo sou um negro ".
Idiota é pouco para nomina-lo.
Mas o acontecido fez-me recordar uma velha história de "contextos" de minha mocidade. Tem gente que não sabe se comportar simplesmente porque não compreende o "contexto" no qual vive ou se encontra.
Naquele tempo de Aquarius, a moçada usava calça florida "boca de sino", no dedo anel Brucutu, os cabelos dos homens eram compridos até a cintura, os das mulheres curtos até acima da nuca, coloridos, a conversa era usando gírias da época, tudo de modo a sair da caixinha que a sociedade vinha impondo aos jovens desde sempre, (para compreender melhor ouça a música "Caixas"- boxies- com Nara Leão ).
Pois bem... um bocomoco, desculpe essa palavra, você não compreenderá a giria... um quadrado, um fora da moda, de terninho Ducal ( duas calças... ), terno Ducal preto, camisa branca, gravata barbante nunca viu? .... ), cabelos curtos ao modo "americano", barbeado, cheirando a perfume caro, sapatos pretos bico fino, resolveu ir a uma boate da moda, onde se juntavam os "bichos grilos".
Pagou, e entrou naquele ambiente no qual ele era completamente estranho.
Estava fora do seu contexto.
Não compreendia a conversa estranha, a decoracao estranha, as danças estranhas, etc.
Num canto, perto do bar, havia um pianista barbudo, cabeludo, com aspecto de que nunca tomara banho, que intercalava uma tragada na erva maldita do cigarro aceso que repousava num cinzeiro, com dedilhadas no piano. Tocava uma música desconhecida e interminável e as pessoas em volta viajavam na alegria.
O bocomoco não entendia... mas lhe agradava ... tudo era diferente.
Ele pediu um uisque "Cavalo Branco" com gelo e ficou a bebericar e apreciar o ambiente.
Nisso veio andando pelo balcão um macaco... um macaquinho prego, vestindo uma blusinha vermelha e um chapeuzinho árabe, tudo com bordados dourados. O macaco mostrou-lhe os dentes num sorriso e seguiu caminho. Saltou para o piano, depois para as mesas... " decerto ele faz parte da decoracao", raciocinou o visitante.
Instantes depois o macaco voltou. Fez novos sorrisos, micagens, coçou a barriga e puxou pelo pinto e mijou dentro do copo de uisque do bocomoco.
Não... assim não.
O uisque custava caro... ele não ficaria com o prejuízo. Iria reclamar.
Olhou em volta e não ao viu o garçom... nem ninguém responsável
Resolveu reclamar para o pianista, que era da casa.
Chegou para o músico que martelava algo nas teclas do instrumento e disse:
_____ O macaco mijou no meu copo.
O músico negou com a cabeça. Assinalava que não havia entendido.
O bocomoco repetiu mais alto:
______ O macaco mijou no meu copo !
O pianista tornou a assinalar que não havia compreendido... mas respondeu:
______ Não conheço a música... mas cantarola ai que eu acompanho...
Definitivamente, o idiota conservador estava fora de contexto.
................................. Maio 2023....