FANTASIA SEXUAL

Ronaldo José de Almeida

Leopoldo, jovem e conceituado advogado, sempre ao cair da tarde, no final do expediente, ficava numa mesa lá do bar da esquina e comprazia-se com cerveja e petiscos vendo o footing de belas moças.

Quase sempre Lícia passava por ali, e ele a engolia com os olhos.

Realmente era uma linda mulher, provocante e aparentemente lasciva.

Ela tinha conhecimento dos anseios amorosos do rapaz, porém mantinha-se comedida; destinava-lhe apenas um leve olhar, quase de desdém.

Num determinado final de tarde, Leopoldo, como sempre, estava naquele bar conversando com um amigo, quando avistou a moça se aproximando. Imediatamente parou a conversa e posicionou-se voltado para ela.

Lícia vinha caminhando lentamente em direção à mesa onde o rapaz se encontrava. Ao contrário das outras vezes mirou-o; seus olhos possuíam um brilho diferente denotando interesses outros.

Parou no local sem dizer nenhuma palavra, apenas seus olhos fixaram o advogado, que de certa forma demonstrou ter ficado assustado.

Leopoldo levantou-se cordialmente e convidou a moça para assentar-se. Ela aceitou e pediu uma Coca-Cola diet. A conversa girou em torno de amenidades. O companheiro do causídico ficou inteiramente esquecido, como que abandonado no limbo.

A certa altura, Lícia colocou uma das mãos carinhosamente no braço esquerdo do rapaz, dizendo-lhe então:

- Léo, vamos sair, procurar um lugar mais reservado.

- Tudo bem – o rapaz respondeu-lhe um tanto quanto surpreso com a proposta.

O casal despediu-se do amigo e seguiu rumo a uma pracinha. Andou poucos metros quando então o profissional liberal, já íntimo, abraçado àquele esplendor de fêmea, propôs-lhe baixinho:

- Lícia, eu moro aqui neste prédio, vamos ao meu apartamento tomarmos um vinho!

- Você mora sozinho? – perguntou a moça.

-Sim, moro sozinho. Sou divorciado, não sabia?

- Não, Léo, não sabia, mas para mim não faz diferença.

- Não entendi bem, Lícia, mas tudo bem. Vamos.

Chegando ao apartamento, a moça sentiu-se completamente à vontade, estirou-se no confortável sofá, deixando suas belas e torneadas pernas à mostra, com isto enlouquecendo ainda mais o rapaz.

Este, de forma educada, falou para a mulher ligar o cd player, enquanto tiraria o terno para tomar um banho.

Bruscamente Lícia levantou-se e determinou, como se fosse uma ordem: - Não, Léo, fique assim mesmo.

- Lícia, não estou lhe entendendo, o que disse?

- Estou lhe dizendo para não trocar de roupa, para ficar com o terno.

- Eu estou muito suado, tive uma audiência demorada no fórum.

- Por isso mesmo, meu advogadinho, quero que fique vestido assim de terno e bem suado, salgadinho, do jeito que planejei – arrematou a fêmea luxuriante.

- Quer me explicar o que tem em mente, menina?

- Sabe o que eu quero, Dr. Leopoldo? Vou lhe explicar, preste atenção. A minha fantasia é transar com você, porém você a rigor, de terno como agora, suado. Se você tirar não me interessa, vou embora.

- Não. Farei do jeito que você quiser, de terno, de pijama, de roupão, de batina, de beca, você manda e eu obedeço.

Leopoldo foi falando e abraçando Lícia, que se entregou aos seus beijos e carícias.

Aquela Vênus do amor se desfez das roupas. Sedenta de sexo assim fantasiado, arrastou seu companheiro para o quarto de casal. Ali os dois jogaram-se na cama.

Em questão de segundos, do início do conluio carnal, Lícia deu novas ordens, enlouquecida de excitação, mandando que o seu parceiro passasse a gritar reiteradas vezes, em alto e bom som, a expressão jurídica data venia, a qual quer dizer com o devido respeito.

Temendo a paralisação do ato caso desobedecesse a ordem, não restou ao advogado outra alternativa a não ser ficar repetindo, dezenas de vezes, data venia, data venia, data venia!

Após o orgasmo intenso, Lícia estava totalmente descabelada e suada, já demonstrando certa sonolência, a exemplo do seu par, que somente então pudera tirar o incômodo terno.

Lá fora a matrona vizinha do apartamento do Dr. Leopoldo, que ouvira os gritos de data venia proferidos pelo advogado, visivelmente irritada, demonstrava muita irritação ao conversar com a filha:

- Veja, minha filha! O advogado aí agora resolveu treinar para suas audiências em casa! Não vou suportar tantos gritos! Vou queixar-me ao síndico!

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 15/12/2007
Reeditado em 19/12/2007
Código do texto: T778934
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